"Ponto de vista"- A lenta asfixia da UE.

, A lenta asfixia da UE.

Os sinais aparecem, pouco a pouco.

Na Hungria, com a aprovação de leis e procedimentos que vão ao arrepio das tradições de comportamento democrático que decorrem dos Tratados, nomeadamente dos que foram adoptados há poucos anos em Lisboa.

Na Polónia sucede precisamente o mesmo, e na Eslováquia têm surgido indicações análogas, enquanto em alguns Estados do Báltico começam a ter mais preponderância vozes eurocépticas.

E o comportamento tortuoso de D.Cameron, ora impulsionando um referendo para uma "Brexit", ora fazendo campanha pela permanência, faz temer pelo que poderá ocorrer com a consulta prevista para Junho.

Juntemos as vozes que em Itália e em França pedem referendos à permanência, e as reacções ao acolhimento de refugiados que se notam noutros Estados, a progressão da extrema-direita na Áustria e na Alemanha, e teremos um sombrio panorama pela frente.

A UE, quer através do Parlamento, quer do Conselho ou da própria Comissão, entretem-se a discutir décimas orçamentais, atada que está quanto às derivas húngara e polaca pela inépcia dos conceptualizadores dos Tratados, que não previram a bizarra situação de poder haver (como provavelmente haverá) dois Estados-membros que se unam para rejeitar a aprovação de sanções a quem adopte políticas que ponham em causa valores fundamentais de natureza democrática - o que os Tratados só estatuiram que seria aplicável a um Estado de cada vez e pela unanimidade dos restantes, o que não sucederia provavelmente caso a Hungria e a Polónia firmassem uma "Santa Aliança" em caso de necessidade de escape a tal possibilidade.

Enquanto isto, e perante o torpor da UE, V.Putin prossegue pela calada - ou talvez não - uma estratégia de asfixia da União, com um aumento progressivo da pressão aeronaval nos mares Báltico e Negro, consolidando a anexação da Crimeia com a construção da ponte de Kerch, e utilizando os conflitos no Médio Oriente e Anatólia e os fluxos de refugiados para criar, além de mais dependências energéticas, um abraço de urso cujas consequências poderão ser funestas para o projecto de uma união europeia tal como existe no presente momento.

 A não ser que possa actuar como um catalisador de uma maior agregação.

15.Maio.2016.