Através destas páginas pretende o seu autor dar a conhecer melhor alguns artigos, pontos de vista e ensaios de sua autoria, bem como outros documentos de maior relevância.
"Ponto de vista": Episódios de uma despedida. (Semimórias...)
Episódios de uma despedida...
("Semimórias")
Tal como referi nestas páginas (in "Um adeus à Marinha" ) a nomeação do Almirante Rasquilho Raposo para o cargo de Vice-Chefe do Estado-Maior da Armada, que me conhecia bem dos tempos de 1974/75, permitiu que em 1986 eu fosse nomeado Subdiretor da Direcção de Infraestruturas Navais (DIN) - o que pressupunha a credenciação no nível "Nato Confidencial", que assim me foi concedida.
Porém não fora designado para a frequência do curso de eventual promoção ao almirantado por - segundo me foi explicado pelo Almirante Cerejeiro - não ter a credenciação (Nato Secreto) necessária.
Tratava-se, como expliquei anteriormente, de argumento pouco credível pois não só a diferença entre os níveis de credenciação confidencial e secreto não era muito acentuada como também porque o curso em causa era frequentado por oficiais do Brasil e de Espanha, que não faziam parte da Nato.
Poucos dias depois de tal "explicação" eu - enquanto Sub-Director da DIN - deveria proferir uma palestra no então Instituto Superior Naval de Guerra (ISNG) (onde aliás se realizavam os cursos para eventual promoção ao almirantado), dirigida a um dos cursos administrados naquela instituição.
A chegada informei o Comandante Montez, responsável pela área lectiva onde se inseria a minha palestra, sobre como seria organizada e qual o nível de classificação de segurança Nato que lhe estava atribuído, o que igualmente salientei aos oficiais-alunos logo no início da aula.
E esperei alguns momentos.
Surpreendidos por tal aviso, pelos vistos pouco habitual, os oficiais entre-olharam-se, pelo que o Comandante Montez interveio: "O que foi referido significa que aqueles de entre vós que porventura não disponham da classificação de segurança "Nato-Confidencial" deverão saír da sala.".
Cerca de metade teve que o fazer.
E o próprio Comandante Montez...
Alguns minutos depois, avisado do sucedido, o Almirante Sub-Director do ISNG pediu licença para entrar na sala e solicitou-me que saísse por breves instantes, tendo-me sugerido que revisse o quadro de confidencialidade previsto para a palestra - tendo eu salientado que tal não era obviamente exequível, e retomado o ritmo previsto.
Soube posteriormente que no dia seguinte tinham sido iniciado adequados procedimentos tendentes a evitar a repetição de tal tipo de situações.
O que muito me satisfez, por ter contribuído, se bem que modestamente, para a manutenção da Segurança nacional.
24.Junho.2018