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"Ponto de vista"- A urgência do diálogo entre religiões monoteístas.
A urgência do diálogo entre religiões monoteístas.
Foi surpresa para muitos o recente anúncio pelo Sumo Pontífice da Igreja Católica de que a pena de morte deixava de ser aceite na doutrina tradicional da Igreja, o que poderia até agora ocorrer desde que não houvesse a mínima dúvida acerca da identidade e da responsabilidade do culpado, e se fosse essa a única solução possível para defender eficazmente vidas humanas de um injusto agressor.
Surpresa porque era comum acreditar-se que teria já sido abolida a pena de morte que o "Santo" Ofício previa como susceptível de aplicação.
Esta modificação no Catecismo Católico vem mais uma vez provar que as doutrinas religiosas podem deixar de ser dogmáticas e passar a adaptar-se - se bem que lentamente - à evolução dos costumes e das ideias de natureza social, e o facto de ocorrer numa instituição conservadora permite alimentar esperanças de poder haver noutras religiões perspectivas de modificação das suas posturas perante a sociedade e consequente indução de novas atitudes e comportamentos.
Vem isto a propósito da conflitualidade que continua a existir entre seguidores de religiões monoteístas - e mesmo entre ramos de entre elas como por exemplo entre sunitas e xiitas, em que podem atingir níveis sangrentos decorrentes de atentados, ou notórias animosidades entre cristãos católicos e não-católicos.
Assumem particular gravidade as situações em que radicais islâmicos executam atentados em Estados de maioria cristã, as acções de natureza militar levadas a cabo no Médio-Oriente por europeus e americanos (e australianos...), e a novel declaração da raiz confessional do Estado Judeu com referência expressa ao sionismo de T,Herzl.
E, no entanto, a maioria das religiões monoteístas e em particular do cristianismo e do islamismo apenas tem ténues diferenças - no campo estritamente religioso - quanto à sacralização de rituais.
São no entanto mais acentuadas, reconheça-se, as diferenças de natureza cultural e comportamental decorrentes da tradição imposta ou aconselhada por "livros sagrados", com interpretações que diferem consoante o modelo civilizacional em que se inserem, mas que até pela própria análise do que está "proibido" ou desaconselhado, e das correspondentes penalizações previstas, não se afastam muito umas das outras.
Assim, para reduzirmos os graus de conflitualidade existentes e que parecem estar a agravar-se perigosamente deveríamos caminhar para no sentido de se conseguir uma diminuição gradual das diferenças culturais e civilizacionais existentes, através de um programa a aplicar durante algumas gerações, uma vez que se reflectirmos um pouco verificamos que os Princípios fundamentais entre as religiões monoteístas não diferem muito.
E, dadas diversas atitudes do Papa Francisco (n.Jorge Bergoglio) de cariz ecuménico, e as corajosas tomadas de posição do Presidente egípcio Al-Sisi a propósito dos exageros de posições fundamentalistas na interpretação doutrinal islâmica, expressas há 3 anos em plena Universidade de Al-Ahram, seria muito oportuna uma iniciativa no sentido de se convidarem adequados representantes de diversas confissões religiosas a estudarem em conjunto um plano de aproximação (em 3 gerações) das culturas de raiz monoteísta.
Mantendo entretanto intocáveis os Princípios de natureza religiosa (que provavelmente não deixariam de ser permeáveis à aproximação das "culturalizações"...).
Só assim se poderiam evitar os conflitos que se pressentem.
5.Agosto.2018.