"Ponto de vista": D.Trump - uma destituição a caminho?
D.Trump - uma destituição a caminho?
O Washington Post publicou na semana que finda um interessante artigo de Dana Milbank em que são enumeradas as decisões de D.Trump que este jornalista considera mais controversas e erráticas, e que me permito reproduzir (certo de que o Autor a tal não se oporá) conjuntamente com alguns comentários meus.
A mais recente diz respeito à retirada da Síria das forças americanas que naquele país se encontram, decisão tomada ao-deus-dará e sem ter sido previamente comunicada aos países que faziam parte da coligação que visava a derrota do chamado califado islâmico, também conhecido por Daesh ou ISIS, (excepto a Turquia", que foi informada por um "apimentado" telefonema de D.Trump a T.Erdogan em que alegadamente teria dito, referindo-se à Sįria, algo como "Sabe que mais ? É sua!").
Episódio que terá levado o Secretário de Estado (ministro) da Defesa, General J.Mattis -geralmente considerado como sendo um estadista sério - a demitir-se de imediato, dadas também as consequências de ficarem os Curdos encurralados e a Rússia e o Irão com as mãos livres no Médio Oriente, circunstâncias acrescidas pelo facto de ao mesmo tempo ter ordenado uma retirada das forças americanas do Afeganistão igualmente sem nada comunicar aos restantes membros da coligação internacional formada para ajudar à obtenção de estabilidade naquele país.
E o General J.Mattis não escondeu também o seu desapontamento pelo facto de estarem a ser algo desconsiderados os seus tradicionais aliados, a um ponto tal que se poderia julgar que quem tinha ganho a "Guerra Fria" tinha sido a Rússia, que coincidentemente com a China, procuraria impor a outros Estado modelos políticos de cariz autoritário, chegando ao ponto de V.Putin poder afirmar - olhem quem - que as Forças dos Estados Unidos estavam na Síria ilegalmente (esquecendo que também lá estão...).
(Será que D.Trump, "the Trwitter", contará com as Forças que regressam da Síria e do Afeganistão para derrotar as forças hondurenhas que "ameaçam" os EUA pelo Sul?)
Acrescenta o articulista que V.Putin exulta com a frieza na NATO entre os EUA e todos os restantes membros da Organização, ao mesmo tempo que os Estados Unidos pedem que a Rússia volte a ser admitida no G7 - isto enquanto continua as suas provocações contra a Ucrânia e procurando pouco a pouco tornar o mar de Azov num lago interior, de modo a com a ponte de Kerch tornar definitiva a anexação da Crimeia.
Ameaçando abandonar a Organização Internacional do Trabalho, D.Trump impõe unilateralmente um conjunto de tarifas alfandegárias que contribuem para o seu enfraquecimento, e por outro lado dá um sinal de fraqueza quando não reage apropriadamente ao assassínio de um jornalista baseado nos Estados Unidos, executado num consulado saudita na Turquia - enquanto dialoga amigavelmente com ditadores nada recomendáveis como o norte-coreano Kim
Acresce mais uma saída unilateral de um acordo internacional como foi o de Paris sobre o clima, e igualmente de outro como foi o relativo ao Irão nuclear - sem esquecer as retiradas unilaterais de importantes acordos comerciais como a NAFTA e o Trans-Pacífico.
E, esquecendo que o arrefecimento da economia mundial para o qual a nova política econômica dos Estados Unidos terá contribuído poderá ser uma das causas para a queda bolsista, ao que consta já tenta saber se poderá demitir o Governador do Banco Central ("Federal Reserve"), após em rara e inconveniente intromissão nas respectivas competências ter criticado a política de taxas de juro.
Não se contentando com tantos incidentes, provocou a demissão do seu Ministro da Justiça por não ter acedido a sucessivas tentativas de se imiscuir em decisões naquela área da governação.
Sucederam-se conflitos com o FBI, com os tribunais, e com prestigiados órgãos de informação pública, bem como com ex-colaboradores que confirmaram comportamentos menos apropriados - alguns supostamente no âmbito das suas anteriores relações comerciais com interesses russos, outros em relações de outro tipo ...
Preocupado com as investigações do Procurador R.Mueller III sobre interferências russas na campanha presidencial, não hesita por outro lado em afastar ou provocar pedidos de demissão de dezenas de colaboradores, muitos dos quais os mais relevantes e com maiores responsabilidades - sendo provavelmente o seguinte como consta, o próprio Chefe do Gabinete.
Mais episódios haveria a assinalar, sendo importante de salientar a recentíssima ameaça presidencial de suspender a execução do orçamento federal caso não fossem concedidos 5 mil milhões de US-Dólares para a construção do famoso muro sem o qual - segundo D.Trump, the Trwitter - os EUA não estarão seguros (dos candidatos a imigrantes, tanto mexicanos, como hondurenhos, e de outras Potências análogas).
Porém, os mais recentes - em especial o caso, já referido, do General Mattis - são susceptíveis de introduzirem profunda preocupação nas altas camadas dirigentes, quer entre as afectas ao Partido Democrata, quer nos próprios políticos mais relevantes ligados ao GOP (republicanos).
Preocupação que pode facilitar um ambiente propício a que seja em breve lançado um procedimento de impugnação e destituição do cargo de Presidente dos EUA.
23.Dezembro.2018