"Ponto de vista" : Pedofilia e "Freirofilia" - sugestão a Francisco.


       Pedofilia e "Freirofilia" - sugestão a Francisco.

Estando em curso uma Conferência Episcopal convocada pelo Papa, é oportuno retomar o que há algum tempo escrevi nestas páginas - acrescentando o novo tema que veio a lume, o qual apelido de "freirofilia" - uma vez que embora não sendo crente em nenhuma religião, nem por isso quero deixar de tentar ajudar os que estão angustiados com a pedofilia e agora com a freirofilia - e a homosexualidade - no seio da Igreja Católica.

Ajudar tanto os que sempre estiveram angustiados, como aqueles que apenas o ficaram quando souberam da respectiva dimensão, que se tornou mais conhecida apenas recentemente.

"Folheei" então alguns Evangelhos, e no de Marcos li (Cap.16) que Jesus apareceu, após a sua crucificação, aos onze Apóstolos, estando eles sentados em conjunto, tendo repreendido  a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem acreditado nos que o tinham visto já ressuscitado.

E ter-lhes-á dito: "Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as  criaturas".

Porém, não terá curado de salientar que só os não casados é que o deviam cumprir, daí se deduzindo que o celibato dos apóstolos não era questão que o preocupasse.

Assim, terá havido uma interpretação excessiva do seu pensamento quando os responsáveis e teólogos eclesiásticos do rito romano determinaram - volvidos alguns séculos - o cumprimento do celibato.

Não esperariam contudo a dimensão pedófila (e freirófila, recentemente mais conhecida) qu viria a ocorrer, que viria a minar o exemplo de comportamento exemplar que deveria ser requerido aos "apóstolos" actuais (ou não será o clero a parte da Igreja que é entendida como a que deve estar na linha da frente do apostolado - ou seja, os que são "enviados" para difundirem a fé ?).

É certo que não devemos deixar de dar prioridade ao problema das vítimas, em que a maioria foi levada a guardar silêncio durante muitos anos, e cujo sofrimento deve ser minorado quanto possível, conjuntamente com a pesquisa e julgamento penal  dos abusadores.

E para tal desiderato algo terá que ser feito, pois além de possível continuação da iniquidade (mesmo que reduzida e disfarçada) a coerência do clero está em causa, os "escândalos" sucedem-se, e se alguma auto-censura na informação pública que mesmo em países com liberdade de imprensa conseguia evitar o conhecimento integral do que se passava, tal já não é possível dada a enorme dimensão dos escândalos que têm vindo a ser conhecidos.

Francisco teve a coragem de convocar um inovador "Concilium", para obter um "consilium" (tal como eu sugeri nestasa páginas há alguns meses) que poderá apaziguar uma importante parte da Igreja Católica que está inquieta com a presente situação.

Provavelmente haverá pistas nos Evangelhos que apontem para um anátema vigoroso do qual se infiram, ou estejam implícitas, penas do foro religioso apropriadas para os pedófilos e freirófilos - sejam eles ministros da Igreja ou não -  independentemente das que estejam previstas no Direito penal de cada Estado.

Um importante "consilium" poderia ser o de se retomar a prática - dos primeiros séculos - de "ordenar" homens casados, que ė seguida por ritos não Católicos, tal como sucede nas Igrejas Ortodoxas e Evangélicas.

E, não olvidando algo que Jesus de Nazaré certamente não terá esquecido no seu pensamento - que segundo os Evangelhos é vincadamente orientado para a fraternidade - , permitindo a Ordenação das mulheres (e obviamente o seu casamento em análogo quadro).

Os milhares de vítimas dos abusos exercidos  por ministros da Igreja Católica ficariam gratos por saber que o seu sofrimento teria vindo a contribuir para a redução do flagelo que sobre eles se abateu.

Francisco: é a sua vez de tomar decisões.

24.Fevereiro.2019