Ficou patente - e ainda continua - a incapacidade de as diversas Nações reagirem em devido tempo, e de modo coordenado, à virulenta crise que se abateu sobre a população mundial.
Tornou-se visível que apesar dos esforços da Organização Mundial de Saúde houve inúmeras falhas que contribuíram para que uma epidemia se transformasse numa pandemia cujo fim não só está longe de ser avistado como também se receiam retornos.
Pressente-se que tanto na pesquisa de vacinas, como de tratamentos eficazes, a coordenação e a colaboração deixam muito a desejar, o mesmo ocorrendo no fabrico de material necessário e na movimentação de pessoal médico, a nível mundial - sem esquecer a carência de instalações hospitalares e de tratamento preliminar.
Adivinha-se uma crise económica sem precedentes cujos resultados sociais poderão ultrapassar pela negativa e em muito os decorrentes dos óbitos provocados pela pandemia.
Problemas globais - não apenas na saúde e na economia - para os quais importa encontrar soluções globais.
Onde e como?
Obviamente no quadro da Organização das Nações Unidas (ONU), outorgando mais poderes às entidades que sob a sua égide coordenam intervenções em áreas como a Saúde - caso da OMS/WHO, cujo desempenho se está a impor no momento presente
Áreas também como o Comércio, a Educação, a Cultura, a Agricultura e a Alimentação, o Trabalho, os Espaços Marítimos, e diversas outras igualmente relevantes, de que se destaca a que se ocupa da energia nuclear.
Revendo e reformulando outras como a das Migrações, criando ou aperfeiçoando novas entidades em áreas como a circulação no Espaço, e as Telecomunicações - para além de várias que seria fastidioso enumerar.
Estabelecendo novos objectivos e instrumentos para o Banco Mundial bem como e nomeadamente para o Fundo Monetário Internacional e o BIS - Banco de Compensações Internacionais. - sem esquecer a regulamentação da circulação de capitais.
Reflectindo sobre outros temas como a cooperação, a luta anti-drogas, o ambiente, o lixo e a poluição oceânica, as grandes florestas, os aquíferos internacionais, e outras em que a globalização obrigou e obriga a uma perspectiva de coordenação e intervenção.
Há alguém de quem se esperaria uma intervenção construtiva - e ousada - nestas matérias, empenhando-se na reformulação da Organização das Nações Unidas, sem a qual perigosas tendências isolacionistas tenderão a progredir - acrescendo serem normalmente associadas a sistemas políticos autoritários, que por outro lado facilmente deixam o seu isolamento para se envolverem em aventuras militares de carácter expansionista.
Há assim que corajosamente aproveitar este ano - em que está a ser consensual o relevante papel da Organização Mundial de Saúde na presente crise global, para se propor com firmeza e energia, tal reformulação.
Quem tem que o fazer deve ter autoridade institucional para fazer tal proposta, ter consciência de que se trata de uma obrigação histórica, e a certeza - essa sim - de que se não o fizer o mundo poderá cair num pântano.
O momento oportuno está muito perto, António.
Luís.
29. Março.2020