"Ponto de vista": O vírus gripal e a economia - a atenuação das medidas de contenção


     O vírus gripal, a economia, e a atenuação das medidas de contenção.

Já começando a haver dados estatísticos mais sólidos sobre a progressão do vírus Sars-CoV-2 e suas consequências, torna-se útil reflectir sobre os efeitos que as medidas de contenção adoptadas a nível mundial provocarão na economia global.

A generalidade dos analistas aponta para uma grande recessão, tanto maior quanto mais durarem tais medidas,  o que significará mais desemprego, fome,  e agitação social e política, pelo que é altamente provável que num curto prazo haja uma reflexão conjunta que coloque num dos pratos da balança o total de mortes estimadas na sequência da pandemia em curso e no outro os custos económicos e sociais do actual modelo de contenção da difusão da gripe.

Assim, se admitirmos a hipótese de a infecção atingir 14 milhões de pessoas o número provável de mortos situar-se-ia em cerca de 500 mil, cifrando-se em Portugal, caso contagiasse por exemplo 1,4 milhões, na ordem das 50 mil

As mortes provocadas indirectamente por uma fortíssima recessão económica na sequência de rígidas disposições visando conter a progressão da gripe não são facilmente previsíveis, mas - aliadas a uma grande diminuição dos padrões de vida - levarão provavelmente a que tais expectativas, bem como a constatação das percentagens anteriormente indicadas, não virão a induzir nos povos e nos seus dirigentes dúvidas sobre  o rigor das medidas de contenção tomadas?

Quando? Talvez dentro  de oito semanas, quando as curvas da saturação psicológica com quarentenas e restrições à circulação se cruzem com as correspondentes ao estado da Economia?

Tal situação poderá talvez ocorrer se e quando for constatado que a estimativa do número de casos de infecção ficar situada em 2 milhões, correspondentes a cerca de umas prováveis 80 mil mortes - bastante mais do dobro das sazonais.

Daí a importância de se procurar reduzir a taxa da progressão pandémica.

E entretanto - povos e dirigentes - deveriam logicamente investir na construção de hospitais, produção em massa de testes, ventiladores, na investigação biomédica, e na formação de pessoal na área da saúde, visando no caso vertente reduzir as taxas de mortalidade em situações análogas, que aliás mais tarde ou mais cedo virão a ocorrer.

17. Março. 2020
(Revisto em 20.3.20).