"Ponto de vista" - Covid-19: confinamento e economia (reflexões de um amador).



      Covid-19: confinamento e economia (reflexões de um amador).

Um conhecido economista apresentou no "Expresso" de 28 de Março passado  uma proposta, que mostrei a um amigo meu.

Recordava que em Portugal existem cerca de 1250000 micro e pequenas empresas empregando 2,6 mil milhões de pessoas, que na sua esmagadora maioria irão falir, trazendo mais desemprego, ao fim de um mês.

Segundo afirmava, custaria ao Estado cerca de 1,6 mil milhões de euros por mês a manutenção da atividade daquelas empresas - o que não se traduziria em dívida.

O meu interlocutor lembrou então que se admite uma elevada probabilidade de se retomar a actividade normal no país a partir de 15 de Junho, pelo que os 2 meses críticos até tal data orçariam em 3,2 mil milhões de euros.
E quanto aos restantes cidadãos, perguntei ?

Citou-me então alguns números que pensava que não se afastariam muito da realidade, com o objectivo de, admitindo a hipótese de voltar a ocorrer um novo surto pandémico, apresentar algo susceptível de ser aproveitado para o futuro, pois seria talvez mais simples dar aos cidadãos desprovidos de meios a possibilidade de sobreviverem em dois ou três meses mantendo a economia a funcionar minimamente, em vez de se adoptar uma manta de retalhos como a actual.

Considerou assim os seguintes números redondos:

População em Portugal - 10,5 milhões
  População ativa - 4,9
   a.Nesta, micro e pequenas empresas - 2,6
    b.Nesta, outras empresas - 0,4
    c.Nesta, pessoal pago pelo Estado - 0,7
    d.Nesta, trabalhadores independentes - 1,2
    e.Nesta, desempregados - 0,7
f.Jovens com menos de 18 anos - 2,1
g.Reformados com pensões superiores a 600 Euros: 0,6  
h.Reformados com pensões inferiores a 600 Euros: 3,0

Aventou então que (em complemento à proposta inicialmente referida visando o grupo a. ) poderiam ser pagas "Contribuições para sobrevivência (CPS)" - de por exemplo 120 Euros semanais - às pessoas constantes do grupo d. ; quanto às de f. que vivessem com os pais seriam estes a receber uma análoga contribuição de 30 Euros, e às que não vivessem com os progenitores as CPS seriam  entregues a tutores ou equivalentes.

Assim, através de Bancos e dos CTT seriam distribuídas CPS num valor semanal na ordem (total) de 210 milhões de Euros (mensalmente 840 milhões) - quantias que deveriam ser revistas após análise dos números de cidadãos apresentados "ad hoc " para cada grupo, e de outros eventuais factores de correcção.

No que respeitaria a desempregados e pensionistas, partir-se-ia do princípio que os subsídios e pensões existentes supririam as necessidades mínimas de sobrevivência, e que caso a tal não pudessem prover deveriam ser globalmente revistas com critérios justos.

E seriam obviamente adoptadas excepções, nomeadamente quanto a rendimentos mais elevados.

Ocorreria alguma reanimação no consumo (de que o Estado recuperaria considerável parte em I.V.A.), e uma certa melhoria da actividade económica - com tradução em I.R.C. - criando-se assim uma "almofada" que permitiria ao Estado e à iniciativa privada voltar a desenvolver a economia de modo estruturado.

Proposta esta que sustentou ser equitativa, e em que o que pareceria mais difícil seria a criação de um sistema informático que evitasse duplicações e que criasse reforços ou ajustamentos em áreas não totalmente cobertas pela metodologia sugerida, bem como a criação de contas e cartões bancários, e a contratação pelos CTT de mais meios de distribuição de correio.

Mas para tal ainda haveria tempo.

7.Abril.2020
(Revisto em 16.04.2020)