"Ponto de vista": Em 26 de Abril de 1974, um encontro simbólico, praticamente desconhecido. (Semimórias).


    Em 26 de Abril de 1974, um encontro simbólico, praticamente desconhecido. (Semimórias).

26 de Abril de 1974. Final da manhã.
O então Capitão-tenente Carlos A. Contreiras inicia o seu caminho de retorno a casa após duas noites sem repouso, coordenando as acções das forças de Fuzileiros que viriam a ocupar, em conjunto com as de Cavalaria 3 (Estremoz), a sede da DGS/PIDE, na Rua António Maria Cardoso, já no princípio da manhã de 26.

Tinha combinado encontrar-se junto à estátua do Duque da Terceira para um ponto de situação com o então major Otelo S. Carvalho, que nas noites de 24/25 e 25/26 tinha estado a coordenar as acções das forças do Exército e da Força Aérea no âmbito da sublevação militar de 25 de Abril de 1974, e que também regressava então, calmamente, à sua residência.

Tencionava o Comandante Contreiras aproveitar o seu caminho pedestre para verificar se ainda estavam na Rua do Alecrim as duas viaturas Panhard (de peças de artilharia de 75) cuja presença tinha solicitado ao major Otelo S. Carvalho na sequência de pedido de reforços formulado naquela madrugada pelo autor destas linhas (coordenador das citadas forças de Fuzileiros) - mas que não se recorda de tal ter solicitado... - dado serem ainda desconhecidas as intenções da sitiada DGS/PIDE caso fosse decidido um assalto visando a respectiva ocupação.

Encontro simbólico,
Profundamente simbólico.

Os dois principais coordenadores militares das operações que levaram ao derrube do regime político autoritário que acabava de ser deposto regressavam tranquila e anonimamente às suas residências, em vez de ocuparem rapidamente as cadeiras do poder político, enquanto os Generais e Almirantes a quem tinham entregue o poder rapidamente se instalavam, acompanh(Semimórias)ados pelos seus agora numerosos ajudantes, no Estado-Maior General das Forças Armadas (palácio da Cova da Moura).

22.Junho.2020