EUA - comportamentos indecorosos após a morte de Juíza do Supremo Tribunal.

 


      EUA: comportamentos indecorosos após a morte de Juiza do Supremo Tribunal.

Já me tem sido referido que tenho dedicado uma grande parte dos meus pontos de vista semanais a acontecimentos políticos nos EUA.

A explicação é simples e reside no facto de aquele país ter uma influência marcante nas relações internacionais,  agravada por diversas posições que D. Trump tem adoptado (com excepção, evidentemente, de algumas em que tem razão - entre as quais ressalta a necessidade de os Estados que compõem a NATO cumprirem as suas obrigações perante aquela organização, em particular as de natureza financeira), e também pela instabilidade que a sua  impreparação induz no mundo.

Entre elas - posições - sobressaem os esforços e esquemas a que tem recorrido na sua ânsia de ganhar as próximas eleições.

As suas reacções (bem como as de personalidades relevantes do seu partido de agora) foram bem evidentes após o falecimento, há dois dias, da respeitada Juíza do Supremo Tribunal Ruth B.Ginsburg, que momentos antes de falecer pediu que não fosse nomeada de imediato nenhuma personalidade para a substituir - certamente pensando que seria lógico e ético que tal só ocorresse após a eleição presidencial.

Porém passadas poucas horas não só o Presidente do Senado (do GOP - partido republicano) M.McConnel já estava a declarar que o Senado seria convocado de imediato para apreciar um eventual processo de candidatura apresentado por D.Trump...

E logo no dia seguinte este vem  pressurosamente declarar (pelo "Twitter", claro) que dentro de uma semana proporia ao Senado uma candidatura - referindo pouco depois que seria do sexo feminino.

Cabe agora recordar que o mesmo M.McConnel  tinha bloqueado 
a hipótese de o Senado apreciar a candidatura para substituição de um Juiz do Supremo oito meses antes das anteriores eleições presidenciais.

Oito meses - algo bem diferente dos escassos 30 dias de agora.

Após o que referi nestas páginas nos dois mais recentes "pontos de vista" semanais este assunto poderá revelar-se muito importante caso D.Trump procure continuar a argumentar que o voto via postal não confere credibilidade à eleição (nomeadamente se esta lhe for desfavorável) e que se "sacrificará" pelo povo americano continuando no exercício do cargo presidencial.

Situação que, tal como outras análogas, levaria a um confronto com a Câmara de Representantes na medida em que se no dia 20 de Janeiro não houver um Presidente eleito na sequência das eleições de Novembro o cargo deveria ser ocupado pela respectiva Presidente, Nancy Pelosi.

Situação que - quiçá mesmo antes - poderia ter que ser analisada pelo Supremo Tribunal, pois não devemos esquecer que nas eleições de 2000 teve que intervir expressando a decisão que colocaria George Bush no cargo (em vez de Al Gore, apesar de este ter tido a maioria dos votos dos eleitores - em vez da votação no Colégio Eleitoral dos Estados.

Situação teórica donde se pode inferir que uma nova composição do Supremo Tribunal poderia influir numa decisão final.

Eis uma das razões da ansiedade de D.Trump "Trwitter" (que entretanto já se dedicou a mudar muitos dos Procuradores e Juízes de Supremos Tribunais estaduais...).

Seja qual for o resultado eleitoral , o povo dos EUA tem um ano muito difícil à sua frente.

20.Setembro.2020.