Estados "Unidos" (ou DesUnidos) da América: para onde vão ?
"Lock up the Bidens, lock Hillary !" - foi assim que - segundo o Daily Mail - D.Trump se juntou ao enorme coro de apoiantes que em comício na Georgia, na semana que ora termina, e referindo-se notoriamente a J.Biden, entoava "lock him up !" ("para a prisão !"), em "elegante" expressão obviamente atropelando a decência mínima exigível numa campanha eleitoral.
D.Trump nunca tinha usado tais expressões a propósito de J.Biden nem de H.Clinton, limitando-se não só a não as corroborar explicitamente, mas também a não esboçar qualquer tentativa de apelo à contenção dos seus apoiantes.
A gravação audiovisual do comício permite constatar a enorme alienação de que estão possuídos os apoiantes de D.Trump nele presentes, e sentir o extremar das suas posições políticas que, para além de uma veneração alvar pelo seu "chefe", revelam uma agressividade contra os seus opositores que roça as fronteiras do ódio.
Tal como a referência constante ao uso por H.Clinton de conta electrónica pessoal para envio de algum correio oficial - certamente reprovável, mas sem a gravidade que D.Trump lhe atrbuiu - que foi uma das bases de críticas aceradas na campanha eleitoral de 2016, também agora ocorrem alusões a conteúdos supostamente criticáveis alegadamente existentes num computador que S.Bannon afirma pertencer ao filho de J.Biden - argumentos duvidosos repetidos até à exaustão pelo séquito de D.Trump, e que têm dado origem aos comicieiros pedidos de prisão para J.Biden e seu filho.
Esta extrema agressividade tende a aumentar até ao acto eleitoral de 3 de Novembro, e a caracterizar o debate final entre candidatos previsto para o final de Outubro, para dar lugar a uma provável contestação de D.Trump ao apuramento dos resultados colocando em dúvida a credibilidade da votação por correspondência (argumentação a que D.Trump tem vindo a recorrer desde há dois ou três meses).
Situação que pode perdurar, variando a sua duração entre Estados, e dar origem a eventuais episódios bizarros - entre os quais a hipótese de em Estados com Governadores do GOP (partido de D.Trump) serem indicados para o Colégio de "Grandes Eleitores" cidadãos daquele partido em casos em que deveriam pertencer ao partido de J.Biden por terem ganho a votação, argumentando-se com irregularidades na contagem dos votos - nomeadamente os enviados via postal - situação que o Supremo Tribunal poderá ser solicitado a dirimir.
Por outro lado, se nos actos eleitorais houver muitos incidentes na sequência dos frequentes apelos de D.Trump a que os seus adeptos os fiscalizem de perto, poderão surgir condições para se criar um ambiente de alguma instabilidade política - esperando-se que, dada a animosidade existente nos comícios de D.Trump, não aumente o grau de conflitualidade para o de confrontações armadas...
E, chegado que seja o dia 20 de Janeiro, se um D.Trump perdedor das eleições continuar a argumentar que não reconhece a validade do acto eleitoral devido a alegadas irregularidades na votação por correspondência, declarando que continua a exercer o cargo e apelando aos seus apoiantes a que se manifestassem publicamente em seu apoio ?
Seria uma situação em que os EUA poderiam passar a ser conhecidos por
EDA - Estados Desunidos da América...
Até que ponto ?
18.Outubro.2020