Eng.ºAntónio Martins: alguém de escol.

 ......3.Dezembro.2020

António Martins: alguém de escol.

A geração do pós guerra teve o privilégio de viver/construir uma nova ordem politica, com o triunfo das democracias e um crescimento  económica sem precedentes, os gloriosos anos 60. Com o aumento da esperança de vida e pela Lei da Vida vemos desaparecer muitos daqueles que protagonizaram essa época e com eles a nossa memória colectiva.

Ontem, 2 de Dezembro, deixou-nos António Martins, um "patrão" cuja vida dedicou à causa pública, discretamente, eficazmente, nem sempre compreendido no momento, mas que o tempo lhe veio dar razão na maior parte dos desafios e das opções que teve a coragem de tomar.

Um percurso que iniciou na Sorefame na construção da Ponte sobre o Tejo, e no sector privado, na TOCAN.  Nos anos 70 enveredou pelo sector público, começando  na política regional, promovendo a Associações de Desenvolvimento Regional e  presidindo à CDR de Lisboa.  Como gestor público presidiu ao Gabinete da área de Sines de que foi o conceptor, responsável pelo  Grupo de Trabalho  que delineou e implementou essa empreendimento estratégico. Nessa tarefa constituiu uma equipa e uma verdadeira escola de profissionais. da qual muitos vieram a desempenhar altos cargos na vida nacional e internacional nos mais diversos sectores.

Interveniente activo no 25 de Abril sobretudo no seu envolvimento no processo da  descolonização de Moçambique,  colaborando com Vítor Crespo e Mário de Aguiar, coube-lhe  a missão de concluir as negociações e viabilizar Cahora Bassa, de que foi presidente.

Como gestor público coube-lhe ainda a tarefa de realizar em tempo a construção da rede das linhas do  Metropolitano  para a Expo 98.

Como  outros da sua tempera não foi Ministro, não foi condecorado. O único reconhecimento pela sua obra foi o de terem dado o seu nome ao molhe de Sines e isto por iniciativa da APS, a que ele teria preferido como na altura própria pensou chamar-se Vasco da Gama.

O Eng.º António Martins partiu, deixando Portugal sem uma das pessoas mais competentes e capazes que desempenharam cargos públicos de elevada responsabilidade, 

Porém as suas capacidades poderiam ter ainda sido melhor aproveitadas dada a sua visão conceptual e abrangente, que certamente se imporia quando se discutisse a sério o futuro de Portugal.

Guilherme Câncio Martins

Luís Costa Correia.


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