.....22.Agosto. 2021
Promulgadas há alguns dias as leis sobre reorganização de altas estruturas da Defesa Nacional cujos projectos foram contestados a um nível invulgar - dado o terem sido pela quase totalidade dos ex-Chefes de Estado-Maior, obviamente já na situação de reforma - é natural que se pense como se sentirão após não terem sido convidados - na sua qualidade de cidadãos experientes e qualificados naquela área - a dar o seu parecer e a debater em sede de Comissão Parlamentar as razões que os tinham levado a exprimir publica e colectivamente o seu desacordo com os projectos apresentados à Assembleia da República pelo Governo (que aliás também poderia ter instituído um apropriado grupo de trabalho preliminar, dado o interesse dos citados ex-Chefes em dialogar sobre assuntos tão candentes).
Certamente surpreendidos quer pela inusitada celeridade com que o assunto foi tratado tanto pelo Governo como pelo Parlamento, igualmente o terão ficado com a atitude do Presidente da República ao refugiar-se numa postura institucional e ao não procurar, pelo menos aparentemente, exercer o seu constante e implicitamente invocado ou subentendido "magistério de influência" para que pudessem ocorrer adequados diálogos preliminares a nível governamental, e apropriados esclarecimentos em Comissão Parlamentar.
E, também enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas, ao seu dever de ouvir aqueles Oficiais compreendendo e aceitando que o possível e hipotético facto de as respectivas intenções não lhe terem sido previamente dadas a conhecer de modo informal não deveria ser determinante para a assunção de uma postura exclusivamente institucional.
Magoados, e com o sentimento de terem sido objecto de demonstrações visando assinalar de forma deselegante a subordinação dos militares ao poder político - não fossem estes os primeiros a sabê-lo, e a ajudar à sua instituição em 1974, 1976, e 1982 - recolhem a suas residências, mas sabedores de que em situações de alta tensão que podem vir a ocorrer, os seus pares em serviço activo saberão cumprir o seu dever, mesmo olhando para subserviências que já observaram noutros tempos - e sem de tal abusarem.
22.Agosto. 2021
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