19.Dezembro.2021
Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas também alvo de desconsiderações pelo Governo e pelo Parlamento ?
Em 13 do recente mês de Agosto o "Expresso" publicou um texto (intitulado "Defesa Nacional: desconsiderações ao mais alto nível") em que eu me referia ao que considerava (e considero) diversas desconsiderações governamentais e parlamentares a distintos Almirantes e Generais, no quadro preparatório de uma reforma das estruturas superiores das Forças Armadas.
Entre tais desconsiderações figurava o facto de - segundo o "Expresso" - ter sido concedido apenas um escasso período de cerca de 6 horas (seis horas) para a apreciação pelos Chefes dos Estados-Maiores da Armada, do Exército, e da Força Aérea, do importante projecto de profunda reorganização da estrutura superior das Forças Armadas, aprovado em Conselho de Ministros em 11 de Março.
E, curiosamente - ou talvez não - sem ter sido referido publicamente que o citado projecto sobre tais importantes reformas nas Forças Armadas tivesse igualmente sido submetido a apreciação precisamente do Chefe do Estado-Maior- General das Forças Armadas, não tendo havido também qualquer referência a que no próprio texto fosse mencionado que tinha sido alvo de prévios pareceres militares.
Óbvia e importante desconsideração governamental para com um distinto Almirante (e Doutor em Ciência Política).
Como se tal não bastasse, a própria Assembleia da República, apesar de ter recebido a proposta de Lei Orgânica da reorganização da estrutura superior das Forças Armadas, acompanhada pela menção do Presidente do Conselho Superior de Defesa Nacional (o Presidente da República) de que "quer na sua tramitação quer na sua eventual aplicação é fundamental o papel dos Chefes dos três Ramos das Forças Armadas" (curiosamente sem qualquer referência - que também deveria ser fundamental - ao Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas), apressou-se a aprovar na generalidade a citada Proposta, remetendo então para a Comissão de Defesa Nacional a audição (apenas na especialidade...) dos 4 Chefes dos Estados-Maiores, só então sendo ouvido em todo este processo o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, também relegado para uma audição cujos conceitos gerais já tinham sido aprovados pelo plenário do Parlamento, não se tendo considerado a hipótese de uma audição preliminar à apreciação em plenário, em óbvia e importante desconsideração - mais uma, mas agora parlamentar - também para com um ilustre Almirante - o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
Acéfalas?
Creio bem que não.
19.Dezembro.2021