Reestruturação das Forças Armadas: depressa e bem, não há quem...

Depressa e bem, não há quem...(sobre a reestruturação das Forças Armadas).

O GREI acaba de apresentar uma profunda reflexão sobre o "Declínio do sistema de Defesa e das Forças Armadas", importante documento que certamente contribuirá para a avaliação do processo de reestruturação em curso.

A elaboração de tal estudo terá sido  porventura suscitada pelos acontecimentos cujo início ocorreu há dois anos, após uma carta (citada em importante livro do GREI sobre o processo de reestruturação, na pg.64) em cujas oito páginas o GREI manifestava ao Presidente da República a sua preocupação com a situação de "pré-falência" das Forças Armadas, missiva que teve resposta imediata e na qual se apelava aos seus autores a que não desistissem.

Subitamente, em Fevereiro de 2021, e demonstrando inesperada pressa,  o ministro da Defesa Nacional anuncia - com pompa e circunstância - que iria iniciar um projecto de profunda remodelação das estruturas superiores das Forças Armadas.

Porém, sem convidar o GREI a participar na elaboração do citado projecto, como seria lógico dado o perfil e experiência daquela prestigiada Associação em sede de Defesa Nacional.

Esquecendo que "depressa e bem não há quem", 10 escassos meses passados, depois de sombrios episódios que espantaram a opinião pública, o país assiste à primeira concretização da anunciada e veloz reestruturação, sob a forma de uma apressada e mal justificada exoneraçäo (demissão?) do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada , e imediata tomada de posse do seu substituto, em soturna cerimónia sem os discursos da praxe, e sem a presença de diversas altas figuras do Estado - entre as quais (em inusitadas ausências, plenas de significado) as do Primeiro-Ministro e do cessante Chefe do Estado-Maior da Armada, em ambiente que mais parecia o de um contrafeito velório.

O "velório  do desentendimento" - como a História o classificará quando vierem à tona os pormenores que para tal contribuiram. e que poderia ter tido um melhor desfecho se calmamente tivessem sido ouvidas outras contribuições.

23.Janeiro.2022

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