Ponto de vista ": Fuzileiros: comemorações e esquecimentos.

......17 Abril.2022


Fuzileiros: comemorações e esquecimentos.

Só ontem tive oportunidade para ouvir, nas telepáginas da Presidência, a alocução proferida pelo Presidente da República na cerimónia solene da comemoração do IV Centenário do Terço da Armada do Trono de Portugal.

Já sabia (e assim aqui o referi) que o . Presidente - que surpreendera muitos cidadãos ao iniciar com dois anos de antecedência as comemorações oficiais da sublevação militar que iria permitir a instauração de uma plena democracia em Portugal - não recordou a importância e o significado da participação do Corpo de Fuzileiros na ocupação da Sede da DGS/PIDE.

Perspectiva que oportuna e publicamente sugeri, e que se enquadraria bem num discurso em que obviamente se recordariam as primeiras acções militares do Terço - no início do Século XVII - bem como as mais relevantes em que posteriormente os Fuzileiros demonstraram o seu pundonor e as suas elevadas qualidades, e naturalmente as relativas às operações militares em África entre 1961 e 1975. 

Porém, foram lamentavelmente esquecidas estas últimas na alocução presidencial, dado que ainda estão vivas na nossa memória colectiva, pois os portugueses com idade superior a 65 anos excedem largamente 2 milhões, dos quais muitos milhares podem afirmar "Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre!".

E teria sido importante tal menção, pois não devemos esquecer que a reactivação da actividade dos Fuzileiros sucessores do Terço da Armada do Trono de Portugal ocorreu precisamente em 1962, estando até presentes na cerimónia diversos Fuzileiros que então como tal se iniciaram.

Infelizmente as minhas sugestões não foram consideradas, quiçá por não terem sido lidas, o que me provocou natural desânimo, dado o meu grande respeito e elevada consideração pelo Corpo de Fuzileiros, generosos portugueses que me habituei a admirar, e entre os quais os que não hesitaram um segundo em afirmar o seu imediato apoio aos objectivos que lhes enunciei antes de partirmos para Lisboa com a missão de neutralizar a então Direcção-Geral de Segurança, e que abrangiam não só o termo da então vigente repressão do pensamento como também a instituição da Democracia.

17. Abril.2022

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