........ 2.Abr.2024
1957 - Entrada na Escola Naval ("Semimórias").
Mensagem recebida em Abril de 2024, de Isabel do Carmo (a mítica Opositora ao "Estado Novo"):
"Luís Manuel, meu amigo
Tu eras o melhor aluno da turma. Podias seguir o que quisesses.
Depois de terminarmos o 5º ano, lá fomos para os nossos destinos. Eu para o Maria Amália que detestei profundamente.Tu já tinhas ido no ano anterior, não sei para que liceu masculino.
Comigo saíram o Garrido,o Fernando Bento,o Canas Moreira,a Fátima Adão, o Joaquim Costa, o Machete, a Madalena Botelho, o Paúl.
Não sei por que vias,visto que não eras da minha turma, tens mais um ano, sabia que eras "contra o regime", Mocidade Portuguesa, etc. Na minha turma, a única mista, havia rapazes do "contra" e talvez os ecos viessem por aí.
Julgo que um dia em casa da Lídia Cruz Ferreira, vejo-te vestido com o fatinho branco da Marinha. Fiquei espantada.Tínhamos para aí 17 ou 18 anos.E perguntei-me porque é que tinhas ido para as Forças Armadas! Que eu considerava defensoras do regime, e eram.Tu respondeste de forma simples e elegante, como é teu hábito: "Para derrubar o regime por dentro." Muito sério.
Talvez nos fossemos vendo,sobretudo na casa dos Cruz Ferreira.Não me lembro se o Sérgio também passou pela Marinha.E vi por lá aquele empertigado que foi para Macau.
Portanto não estranhei muito quando disse ao Carlos Antunes que foi "o meu amigo e colega" que tomou a séde da PIDE no dia 26, depois de todas as ambiguidades que tinha havido nas horas precedentes.
E é assim que fui com o C.A. ao teu lugar e comando na antiga sala do Silva Pais,onde estavas com o Alfredo Caldeira.
Longa conversa,que deu para conhecer as manobras do Spínola, as promessas aos dirigentes da PIDE e as reacções destes. As nossas preocupações também àcerca do destino dos arquivos da PIDE,sobre as quais tínhamos razões.
Sei que foste à prisão das Mónicas saber de mim, enquanto estive presa. De junho 1978 a 1982, sem condenação, nem perdão, nem amnistia. Apenas por excesso de prisão preventiva.
E aqui nos encontrámos nós à porta da Torre do Tombo, onde estão os segrêdos (alguns).50 anos depois, frescos e de memória longa.
Um abraço
Isabel"
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