"Ponto de vista": Constituição: comemorações envergonhadas.


   Constituição: comemorações envergonhadas.

Ocorreu ontem, 2 de Abril, o 40.º aniversário da aprovação da Constituição da República Portuguesa, que foi assinalado por alguns - poucos - actos públicos e oficiais, dos quais creio que assumiram maior relevância o almoço oferecido pelo Presidente da República a deputados constituintes e anteriores Presidentes da Assembleia da República, e uma sessão evocativa nas instalações do Parlamento promovida pela Associação 25 de Abril.

Sabedor da presença de Manuel Alegre (Melo Duarte) e de Eduardo Ferro Rodrigues no citado almoço, e constatando que o primeiro já estava no Auditório da Assembleia da República à hora (15.00) do início da sessão - presença assim igualmente possível para o segundo - não deixei de considerar que a ausência do Presidente da Assembleia da República, mesmo que algo colmatada com a presença de um Vice-Presidente, constituía grave desconsideração para com a Associação 25 de Abril, que tem sido encarada geralmente como representativa dos militares que afinal permitiram e impulsionaram a elaboração da Constituição na sua forma inicial.

Desconsideração essa de um Presidente da Assembleia da República não susceptível de ser apagada ou mitigada pela presença de um Vice-Presidente em sua representação - até porque estou certo de que o Presidente da República não deixaria de procurar, enquanto anfitrião e por certo dela conhecedor, que o almoço que promoveu terminasse em tempo apropriado à satisfação de um compromisso tão marcante..

Desconsideração essa que poderia ter sido evitada por sugestão do próprio Presidente da Assembleia da República  no sentido de a celebração se iniciar por exemplo pelas 16.00, o que certamente seria aceite por todos os convidados a participar na que foi a única comemoração em instalações públicas oficiais concretizada na exacta e referida data do 40.º aniversário da aprovação da Constituição.

Comemoração que aliás poderia e deveria ter sido celebrada em tal data, em sessão extraordinária da Assembleia da República, apesar de coincidir com um sábado - o que os eleitores, e os cidadãos em geral, por certo relevariam aos seus representantes que dedicam arduamente os seus fins de semana ao contacto com o seu eleitorado, e que assim se veriam privados de tal oportunidade.

Não poderia, pois, deixar de manifestar desde logo o meu desagrado pela falta de iniciativa demonstrada pelo Presidente da Assembleia da República relativamente a este episódio, bem como de tal dar conta nestas minhas páginas.

3.Abril.2016.