"Ponto de vista" - Turquia: a reacção da UE ao golpe de Estado.

Turquia: a reacção da UE ao golpe de Estado.

A Turquia, onde ocorreu a recente tentativa de golpe de Estado, tem um governo formado na sequência de um processo democrático conduzido de forma livre e transparente, de acordo com a opinião de diversos observadores reconhecidamente independentes.

Tal processo tinha aliás sido precedido de outros análogos que contribuíram para uma redução significativa da influência que as Forças Armadas tinham tido ao longo de diversos anos na condução dos destinos daquele país, bem como da orientação não confessional que observavam.

Entretanto a União Europeia (UE), que durante vários anos foi arrastando as negociações de adesão da Turquia, travou ainda mais este processo a partir do momento em que um partido de base confessional islâmica obteve maioria parlamentar, enquanto em diversos meios da NATO se olhava com alguma desconfiança para o gradual declínio da influência militar no governo daquele país.

Tudo isto, aliado ás difíceis negociações decorrentes da crise dos refugiados, ajuda a explicar as razões pelas quais a UE se limitou a emitir um comunicado meramente formal de condenação do golpe militar, enquanto procura (se é que o faz...) um caminho a seguir após a Brexit que sob o ponto de vista de uma política internacional própria atenue as crescentes dificuldades que tem vindo a demonstrar - quer globalmente, quer quanto ao Médio Oriente.

Porém, com governos debilitados - França, Itália, Espanha, a própria Alemanha - ou de propensão "centrífuga" - Polónia, Áustria, Hungria, R.Checa, Eslováquia - dificilmente se formarão os necessários consensos.

Apenas uma ameaça exterior poderá provocar uma reagregação...

7.Agosto.2016.