"Ponto de vista": Sobre um poema involuntário.
Sobre um poema involuntário.
"Para pensar tinham de se esconder,
para conversar tinham de se disfarçar,
para ler tinham de transgredir,
para escrever tinham de enganar,
para escapar tinham de fugir."
Poema involuntário, porque está inserido como prosa num artigo de opinião de Martim Avillez de Figueiredo publicado no "Expresso" de há poucos dias (22 de Março), a propósito dos tempos plúmbeos que vivemos em Portugal até Abril de 1974.
E embora involuntário enquanto poema - e muitíssimo melhor que muita prosa que por ser publicada com uns parágrafos esparsos e intercalados com pouco nexo se pretende seja lida como poesia - reveste-se de um profundo simbolismo pelo facto de o seu autor ter nascido apenas em 1972 e ser um dos mais brilhantes jornalistas da sua geração.
Não deixa também de, integrado como está num artigo sobre a Liberdade (e sobre a responsabilidade que igualmente dela advém) constituir uma recompensa para todos quantos procuraram que ela fosse reconquistada há quatro décadas, e que continuam a considerá-la o tema que mais une os portugueses.
Como tal, será desejável que na comemoração de 40 anos de vida em liberdade se dê preferência à procura de todos os caminhos que possam contribuir para que singremos no respeito pela preservação do bem mais precioso que temos: a Liberdade política.
Obrigado, Martim.
30.Março.2014.