Comemorações: o "problema" é de todos...
Em 29 de Abril de 2012 referi-me nestas páginas à recusa da Associação 25 de Abril de se fazer representar na sessão comemorativa do movimento militar de 25 de Abril de 1974, para que tinha sido convidada pela Presidente da Assembleia da República.
A recusa foi justificada pela invocação de que a linha política seguida pelo actual poder político deixara de "reflectir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa".
Admiti então, no texto que referi, a probabilidade de no caso de o poder vigente não inflectir a curto prazo a sua linha política no sentido desejado pela Associação 25 de Abril haver novas ausências em futuras comemorações, o que viria a agravar as clivagens a propósito das celebrações de uma data que deveria ser um símbolo da Liberdade.
Assim, em 2013 repetiu-se o sucedido, tendo em Abril de 2014 a Associação 25 de Abril mudado de atitude anunciando a intenção de aceitar um eventual convite caso lhe fosse concedido o direito a uma intervenção oratória.
Ao que parece, a Presidente da Assembleia da República terá formulado o habitual convite, não diligenciando porém no sentido de consultar os grupos parlamentares visando a abertura para uma excepção - regimentalmente possível - visando uma intervenção da Associação no plenário, e acrescentando publicamente que no caso de esta recusar então estar presente, o "problema" seria "deles", não tendo assim "inconseguido" (para usarmos um novo termo decorrente de uma nova criação linguística da própria Assunção Esteve) uma imagem de falta de estilo no exercício das suas funções.
Houve assim diversos "problemas": alguma falta de visão da Associação de 25 de Abril em 2012, a escassos dois anos de um 40.º aniversário de uma data que deveria ser de união dos portugueses em torno da Democracia e da Liberdade, acrescida da imposição de condições para a aceitação de um eventual convite.
E mais um "problema" de todos nós: uma Presidente de segunda escolha que infelizmente tem demonstrado não estar à altura do cargo que exerce.
Tudo isto, mal "temperado" por alguns que teriam a obrigação de discreta e antecipadamente encontrar saídas para um impasse que arrisca mais dividir que unir os portugueses.
13.Abril.2014.