"Ponto de vista": Estados e fronteiras artificiais.
Estados e fronteiras artificiais.
Grande parte dos conflitos que continuam a ocorrer no mundo decorrem ainda do estabelecimento de fronteiras aquando da criação de Estados por potências vencedoras, que não tiveram em consideração a existência de nações, de grupos étnicos, ou de diferenças de natureza religiosa e cultural.
Tais circunstâncias ocorreram nomeadamente na sequência das Guerras de 1914/18 e de 1939/45, tendo sido precedidas pela partilha de colónias ou de zonas de influência estabelecidas principalmente no final do séc.XIX.
Assistimos assim à unificação forçada de múltiplos territórios que viriam a fazer parte da União Soviética, à divisão de África em dezenas de colónias que por seu turno se transformariam em Estados, à do sub-continente indiano e da península coreana, bem como à situação ocorrida no norte de África e no Médio Oriente, cujos contornos são bem conhecidos.
Se em diversos casos se assiste a uma estabilização progressiva em Estados africanos e asiáticos, em que as diferenças entre etnias e entre grupos religiosos não têm atingido pontos de rotura e permitiram uma consolidação do poder do Estado, já noutros parece inevitável a continuação da tensão conflitual, que não tem muitas hipóteses de solução pacífica, e que podem passar quer pela conquista do poder por um grupo predominante, seguindo-se a subjugação dos restantes, quer pela redefinição de fronteiras correspondentes a grupos de diferentes naturezas étnicas ou religioso-culturais.
Podendo voltar a ocorrer epifenómenos de revolta de minorias em zonas com aparente estabilidade, eventualmente seguidos de novos compromissos quanto a fronteiras, parece inevitável que subsistam problemas sérios como os que ocorrem no Médio-Oriente, em África, Cachemira, Ucrânia, Cáucaso e Coreia.
Tais ajustamentos poderão ainda demorar largos anos, quiçá décadas, sendo ainda a consequência do fim dos impérios - coloniais ou políticos - que prevaleceram até à segunda metade do séc.XX.
24.Ago.2014.