UE - Investimento, confiança, política.
Desde Junho passado que, como recordei em Setembro nestas páginas, o Banco Central Europeu (BCE) tenta reanimar a economia da UE através de ajudas à Banca respectiva - ao arrepio segundo alguns das suas competências estatutárias.
Anuncia agora o seu Presidente, M.Draghi, que estão em estudo novos conjuntos de disposições, reconhecendo implicitamente que não tiveram sucesso as tentativas anteriores.
A situação quase deflacionária em que a a Zona Euro caíu, arrastando a grande maioria dos restantes Estados-Membros, bem como muitos outros países europeus exteriores à União, já não encontra desculpas na economia dos EUA, estando-se em risco de queda num ciclo vicioso de onde não se vêem saídas no actual quadro de políticas económico-financeiras.
A crença quase ilimitada no funcionamento livre dos mercados tem-se deparado com a inércia da Banca, mais preocupada com a sua sobrevivência e em atingir os níveis de obrigações que lhes são impostos do que em financiar a economia, argumentando que não há pedidos de investimento quer por faltarem projectos credíveis quer por não haver mercados exteriores com dinâmica suficiente para necessitarem de mais importações.
E esta argumentação é mais dirigida às PME, contribuindo assim para a falta de crescimento do emprego e agravando as tensões sociais e políticas, não se sentindo, por outro lado, o forte aumento de intervenção que se requereria ao Banco Europeu de Investimento (BEI) na sequência da sua missão primordial de apoio às PME (não apenas da zona Euro), razão pela qual provavelmente não se conhece a existência de uma política de difusão clara e constante dos projectos financiados pelo BEI.
Perante a passividade generalizada a que se assiste, nomeadamente por parte da Banca - agora com a existência formal de uma "União Bancária" - e com o falhanço notória das políticas de tentativas de revitalização dos Bancos, há que criar um espírito de confiança no futuro que induza a necessidade de investimento e do indispensável financiamento.
Ou seja, através de políticas que apontem para projectos que contenham componentes que para além de visarem os óbvios mercados externos apostem igualmente nas virtualidades do grande mercado interno europeu.
Projectos que, contra muitas das correntes de pensamento financeiro dominantes na UE, tenham um forte caracterização de investimento público susceptível de provocar efeitos de cadeia sobre micro, pequenas e médias empresas.
Para que haja desenvolvimento, é essencial haver investimento; por sua vez, este requer financiamento, o que pressupõe a existência de crédito, e da necessária confiança.
Confiança política no futuro: requer outra política, outras políticas para a União Europeia.
Quem as conduz ?
9.Nov.2014.