"Ponto de vista": Vítor Crespo - nem um cartão!

    Vítor Crespo - nem um cartão!                       (Versão corrigida na tarde de 21.Dez.)

    Nem um cartão de condolências terá sido enviado à família do Contra-Almirante Vítor Crespo, falecido há dias, quer pelo Presidente da República, quer pelo Primeiro-Ministro, segundo noticiou ontem o jornal "Expresso".

     Apenas a Presidente da Assembleia da República deixou uma mensagem de condolências nas net-páginas do Parlamento.

    Confortavelmente instalados nas cadeiras do Poder, tanto o Presidente da República como o Primeiro-Ministro ter-se-ão talvez refugiado em pareceres de jovens adjuntos dos seus gabinetes de apoio invocando que tal Almirante não estava no exercício de funções oficiais - para não se admitir que desconhecessem o papel que Vítor Crespo, cujo falecimento foi noticiado pelos meios de informação pública, desempenhou na construção do regime democrático ora vigente.

    Nem representantes foram sequer enviados às cerimónias fúnebres, tanto no velório como no funeral, demonstrando assim a falta de consideração que os citados altos responsáveis pelo Poder político deveriam ter por quem foi relevante membro do Conselho da Revolução até à sua extinção em 1982.

    Já com o Coronel Vítor Alves, falecido há quase 4 anos, se prenunciava - embora talvez não no mesmo grau - o que iria agora suceder, e que demonstra bem o quão é tantas vezes fraca a memória dos povos, bem como de alguns dos seus dirigentes aquando de "esquecimentos" sobre o passado.

    Por certo prescientes de tal, morreram em paz com a sua consciência, grandes ao pé da pequenez de outros.

    21.Dezembro.2014.