"Ponto de vista": Um Centenário, uma oportunidade perdida.

Um Centenário, uma oportunidade perdida.

Lamento ter que voltar a mencionar a falta de visão histórica dos contabilistas que presidem aos destinos de Portugal, ao esquecerem a oportunidade que nos planos nacional e internacional teria havido para recordar o início da expansão atlântico-índica, há 600 anos.

Prometendo não voltar mais a tomar a iniciativa de recordar este assunto, não deixarei para já de referir que ainda esperei que num assomo de coragem, mesmo a partir de Boliqueime ou de uma qualquer localidade algarvia, houvesse pelo menos uma declaração oficial que embora apenas numa perspectiva interna nos recordasse a data de 21 de Agosto de 1415, em que o nosso país foi capaz de iniciar um processo de aumento do inter-conhecimento entre povos distantes, com momentos positivos e outros menos felizes, porém num desenvolvimento que atinge agora uma dimensão global.

Como referi nestas páginas na data em que passava o VI Centenário da tomada de Ceuta, apenas me dei conta, no plano de iniciativas oficiais ou oficiosas, de uma comemoração patrocinada pela Câmara Municipal de Oeiras - que consistiu na apresentação de quatro comunicações suscitadas a propósito do tema, e, em Ceuta, de um encontro de natureza gastronómica...

"Grandiosas" comemorações oficiais, como se constata.

Já antes da data em que se celebrariam 600 anos sobre a largada da Armada que transportaria o Exército que com o Rei de Portugal e seus filhos viria a tomar Ceuta tinha a partir daqui apelado a que o simbolismo da partida daquela Força Naval com dezenas de naus e galés, bem como de outras embarcações, não fosse esquecido, dado significar o início da expansão naval do nosso país.

Estou certo de que pelo menos tanto o Chefe do Estado-Maior da Armada, como o seu par no Exército, não terão deixado de em tempo oportuno recordar ao Ministro da Defesa Nacional a efeméride, com vista à sua condigna comemoração, não tendo obviamente havido tempo para se estudar o assunto, ocupado que estaria com outras importantes questões como a re-instalação da câmara hiperbárica ou o destino a dar ao edifício do Hospital Militar do Exército.

Mas em 2115 haverá outra oportunidade.

23.Agosto.2015.

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