Insondáveis sondagens.
Tem sido anormalmente fértil o presente período pré-eleitoral no que respeita a sondagens sobre intenções de participação no próximo acto eleitoral e sobre qual o sentido de voto.
Contudo as fichas técnicas que devem por lei acompanhar as sondagens encomendadas pela Imprensa e por outros meios de informação publica não são suficientemente explícitas quanto ao universo de referência nem aos termos de comparação com outros dados, deixando-nos dúvidas sobre os valores dos graus de erro e intervalos de confiança indicados.
Acredito que os responsáveis tenham tomado em consideração tais valores de base, mas penso que seria vantajosa a publicação de mais elementos que ajudassem o público a compreender melhor o modo como a partir de consultas a amostras reduzidas da população se deduzem valores de natureza global, esclarecendo dúvidas como por exemplo as que têm surgido relativamente ao recurso a perguntas colocadas através de telefones da rede fixa, aparentemente cada vez menos instalados nos lares.
Por exemplo, seria útil que quando se referem os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos à população residente no território nacional seja esclarecido se foram corrigidos quanto aos fluxos emigratórios ocorridos nos últimos quatro anos, e que se admite possam atingir cerca de 4% dos eleitores recenseados.
Por outro lado, seria igualmente interessante e vantajoso o conhecimento das correlações entre os dados relativos à percentagem de inquiridos que não respondem ou que estão indecisos e as estimativas prováveis de abstencionistas calculadas de acordo com a evolução média de tais valores ao longo dos últimos anos.
Com estes e outros esclarecimentos que sejam considerados úteis o público ficaria certamente com uma melhor ideia do valor das sondagens, bem como do seu eventual papel no esclarecimento - quiçá na modulação - da opinião pública em períodos de campanha eleitoral.
27.Setembro.2015.