República sem norte.
Sem norte, porque entre outras razões - infelizmente mais ponderosas - o respectivo Governo escolheu o feriado nacional comemorativo da data da implantação da República para se juntar a outros 3 que seriam suprimidos com o objectivo de fazer crescer o Produto Interno Bruto de modo a se corresponder aos ditames do Programa de Assistência Financeira internacional aceitado em 2011 pelo Governo português e pelos partidos políticos que viriam a formar o governo seguinte - supressão que no caso de ser absolutamente necessária para o cumprimento do Programa em questão.poderia e deveria incidir sobre outro feriado nacional sem o simbolismo estrutural deste,
Sem norte, porque os seus representantes associaram a eliminação do feriado nacional à diminuição do já de si reduzido fulgor comemorativo que vinha a ser constatado ao longo dos anos, em vez de promoverem a realização de manifestações públicas que voltassem a contribuir para o renascimento dos ideais republicanos, optando ao invés pela envergonhada celebração discursiva em recinto fechado.
Sem norte, porque o Presidente da República decidiu não estar presente nas tradicionais comemorações promovidas pela Câmara Municipal de Lisboa invocando a necessidade de se "concentrar na reflexão sobre as decisões que terá de tomar" na sequência do acto eleitoral que ocorre hoje - apesar de há escassos dias ter afirmado que sabe "muito bem" o que irá fazer - esquecendo que além da data de 25 de Abril de 1974 apenas outra, não por acaso, é mencionada no texto constitucional: a de 5 de Outubro de 1910, e nem sequer abrindo o acesso público aos jardins do Palácio de Belém como tinha feito em anos anteriores.
Pátria esta, "metida no gosto da cobiça e na rudeza duma austera, apagada e vil tristeza" ...
4.Outubro.2015.