O combate ao radicalismo muçulmano.
Os recentes desenvolvimentos na luta contra o radicalismo muçulmano - também já designado por muitos como fascislamismo ou por islamofascismo - permitem recordar de novo o notável discurso proferido pelo General Al-Sisi, no final de Dezembro passado, em que referiu (tal como mencionado oportunamente nestas páginas) que se tinha deixado que a ideologia se apoderasse da religião muçulmana através de uma lógica que não corresponde à época em que vivemos.
Dirigindo-se em especial aos teólogos e aos clérigos, sugeriu que examinassem profundamente a situação actual, considerando preocupante que a ideologia continuasse a ser santificada a tal ponto que seja difícil analisá-la sem preconceitos, e que a religião muçulmana a ela associada estivesse assim a ser hostil ao resto do mundo, sendo inconcebível que 1 bilião e meio de muçulmanos pudessem querer eliminar os restantes 7 biliões de "infiéis".
"Temos que mudar radicalmente a nossa religião", disse (e naquele momento o video* mostrou que apenas uma parte da assistência aplaudiu...), pois a "nação muçulmana está exangue e corre na direcção da sua queda".
Acentuando a diferença entre religião e ideologia, e os riscos de esta última se instilar na primeira a um ponto tal em que não se compreende onde termina uma e começa a outra, Al-Sisi mostrou grande coragem num local simbólico - a Universidade Al-Azhar , farol da teologia muçulmana.
No entanto, importa que em paralelo com as acções militares desenvolvidas por diversos Estados no sentido da neutralização do proclamado "califado" sejam agora os muçulmanos a dar os principais passos no sentido da eliminação dos ódios e preconceitos alimentados por intérpretes radicais das religiões que os transformam em bandeiras ideológicas.
Doutro modo as tensões religiosas e culturais que se vivem em grande parte do mundo do Islão - e fora dele - poderão conduzir a situações conflituais de onde ninguém sairá vencedor - nem no campo muçulmano, nem no resto do mundo.
29. Novembro.2015