Uma oportunidade perdida por Marcelo.
Bem procurei nas net-páginas da Presidência da República a transcrição do marcante discurso que o Presidente proferiu na sessão plenária do Parlamento Europeu, mas nada encontrei.
Recorri então às páginas do Parlamento Europeu e do EbS - Europa por Satélite, onde estão as hiperligações quer ao extracto sem tradução quer à versão integral, ouvindo-se nesta porém apenas a tradução em inglês por intérprete (salvo na parte final, em que o Presidente se expressou em inglês).
Só assim me foi possível conhecer aquela notável intervenção - que espero venha a ser transcrita de modo a que possa ser lida ou ouvida pelos portugueses - e formular então este comentário relativamente ao que considero a carência de uma ideia que teria sido em meu entender muito oportuna que constasse desta sua primeira intervenção em sessão plenária do Parlamento Europeu.
Tal ideia, que já apresentei nestas mesmas páginas, assenta na oportunidade de neste ano em que se comemoram 70 anos sobre o lançamento do Encontros Internacionais de Genebra, em que o tema inicial foi dedicado ao "Espírito Europeu", se voltar a reflectir sobre o que é e o que poderá vir um consenso sobre o Novo Espírito Europeu.
E quem melhor do que um novo Chefe de Estado, professor universitário prestigiado, constitucionalista considerado, e dotado de grande capacidade de comunicação, para enunciar tal desafio precisamente no local simbolicamente mais apropriado para tal ?
Desafio que obviamente seria dirigido a todos os cidadãos - mesmo incluindo os que não sendo europeus não deixam de considerar a Europa como uma fonte primordial da crescente interligação dos povos - e em especial a pensadores e universitários como os que em 1946 pensaram no papel que a Europa poderia e deveria ter num mundo acabado de sair de um terrível conflito global.
E com o que se poderia considerar alguma forma de autoridade moral da parte de um povo que há 600 anos iniciou um caminho de procura de encontro com os de outros continentes, reconhecendo contudo que tal caminho tinha sido eivado de episódios de opressão que num novo espírito europeu não deveriam voltar a suceder.
Centrada numa perspectiva de uma relação de Portugal com os outros Estados-membros da União Europeia, uma intervenção neste sentido, arrojada é certo, ampliaria o reconhecimento do papel de Portugal na União Europeia, na Europa, e no resto do mundo.
Pena foi que tal hipótese não tenha sido ponderada, pois teria o impacto associado a uma primeira intervenção tão simbólica.
Esperemos que o possa vir a ser. E esperemos que surja outra oportunidade apropriada.
Ou que seja criada por adequado originador de factos políticos.
Quem poderá ser ?
17.Abril.2016.