"Ponto de vista": Os refugiados húngaros de há 60 anos.


    Os refugiados húngaros de há 60 anos.

Os húngaros votam hoje num referendo sobre a adopção de quotas para refugiados que foram oportunamente fixadas para cada Estado-membro da União Europeia, em legal e legítima decisão do Conselho Europeu.

É perfeitamente claro que a iniciativa do referendo se insere num quadro de crescente deriva autoritária e nacionalista naquele país, e visa impedir a entrada de refugiados.

Esquecem os mentores do referendo, como oportunamente recorda T.Lister, prestigiado Jornalista da CNN, que em Outubro de 1956, há precisamente 60 anos, cerca de 200 mil húngaros abandonaram o seu país na sequência do esmagamento por forças militares da URSS de uma revolta popular contra o governo pró-soviético de então.

Procuraram refúgio na vizinha Áustria, que apesar da grave situação económica de reconstrução do pós-guerra os acolheu e ajudou ao seu encaminhamento para diversos países que não hesitaram em lhes dar abrigo e asilo político.

Memória curta e ingratidão caracterizam assim grande parte da sociedade húngara, que esquece que a quota é de cerca de 1300 refugiados - embora o problema não esteja na quantidade, mas sim numa questão de princípio.

Curiosamente, ou talvez não, posições análogas ocorrem noutros países da Europa oriental, contribuindo para reduzirem a coesão da União Europeia, que provavelmente e de forma pragmática deve examinar a revisão dos Tratados em que assenta, pois discordâncias tão profundas não permitem a tomada de posições comuns em situações que as requerem.

2.Outubro.2016