"Ponto de vista": FBI - os limites do Poder.
FBI - os limites do Poder.
A recente demissão do Director do FBI suscitou um coro quase generalizado de críticas a D.Trump - ("the Trwitter") baseadas no facto de o verdadeiro motivo da demissão ter provavelmente sido o facto de o FBI continuar a investigar eventuais influências da Federação Russa na Administração dos EUA - que já levaram à demissão de M.Flynn do cargo de Conselheiro Nacional de Segurança apenas três semanas depois de ter tomado passo.
Porém - e mesmo admitindo que a demissão tenha sido provocada pela existência de tal investigação, importa sublinhar que J.Comey já tinha exorbitado das suas competências em Julho do ano passado quando decidiu continuar as averiguações ao alegado uso de um servidor privado por H.Clinton em comunicações oficiais de âmbito reservado, e confirmar publicamente tal decisão
Refira-se que tem sido esquecido que a responsabilidade pela supervisão e orientação gerais dos processos de investigação conduzidos pelo FBI compete aos Procuradores, e nomeadamente ao Procurador-Geral - em especial quando se chega aos momentos decisórios sempre que se trate de assuntos considerados sensíveis.
Era o caso em Julho de 2016, em plena campanha eleitoral, sendo H.Clinton candidata. E foi
-o posteriormente quanto a indícios de interferência russa favorecendo a candidatura de D.Trump, que se transformaram em pistas de investigação já após a eleição presidencial - e que terão constituído a tal "russian thing" tão toscamente invocada por D.Trump para justificar a demissão de J.Comey.
Claro que não é muito claro o papel do Director Nacional de Informações (então J.Clapper) nestes processos de decisão, pois tende-se a considerar que sejam essencialmente de coordenação das três grandes Agências de Investigação (CIA, FBI,e NSA).
Mas dúvidas não há (embora estejam neste momento "oportunamente esquecidas") sobre o atropelo das competências do Procurador-Geral por parte de Director do FBI. cuja demissão deveria ter ocorrido logo no Verão passado, e através de B.Obama, que provavelmente terá considerado que tal seria entendido como um acto visando o favorecimento de uma candidatura.
Mas, no final do Verão, e então com os desenvolvimentos "russos" supostamente perceptíveis, uma demissão de J.Comey não seria entendida como parcial.
Após todos estes exercícios de hipocrisia, constata-se que D.Trump, tendo recebido em Janeiro apropriado relatório - cuja elaboração foi ainda determinada por B.Obama) - sobre os "atropelos" de J.Comey às competências da então Procuradora-Geral, deveria ter demitido então J.Comey, sem esperar que a "montanha russa" chegasse onde chegou.
Apesar de provavelmente continuar a aumentar, pois o desastrado desempenho de D.Trump neste processo não vai permitir que entre no esquecimento.
Perguntar-se-á, entretanto: porquê esta atenção neste assunto? E a resposta é evidente: o comportamento errático, narcisista, e de favorecimento familiar por parte do Presidente do país mais influente do mundo tem consequências imprevisíveis para todos nós. Quiçá previsíveis ...
14.Maio.2017.