"Ponto de vista" : União Europeia - sinais de esperança.
União Europeia - sinais de esperança.
Tem sido uma constante nestas páginas a referência ao papel que agentes catalisadores têm na modificação da organização de sistemas complexos, conforme tem sido analisado por socio-biólogos de renome.
E, como tal, têm sido inventariados alguns que poderão constituir detonadores de transformação da União Europeia, nomeadamente o afluxo de imigrantes, as acções russas na Ucrânia oriental, e - mais recentemente - a "Brexit".
Qualquer destes três não se assumiu, porém, como um suscitador de um processo de aumento da consistência organizacional, antes pelo contrário - se bem que no caso da "Brexit" seja cedo para se deduzir que, só por si mesma, poderia produzir efeitos - quer positivos no sentido do aumento da coesão, quer da sua redução.
Porém surgiu um novo factor na política internacional: Donald Trump, o Trwitter.
A errática política externa seguida por este curioso personagem, cujo lema parece ser definido quase exclusivamente por perspectivas negociais e financeiras - sendo quase todos os seus restantes actos concebidos de modo a procurar proporcionar-lhe mais poder aparente que lhe permita por em prática a adopção de um modelo super-liberal em termos económicos cujo principal objectivo seja um "make money" quase totalmente desregulado, porém fechado o mais possível ao comércio internacional - salvo, naturalmente, o que fosse exclusivamente favorável aos EUA.
Situação obviamente impossível de ser seguida - pois o comércio tende a procurar soluções de equilíbrio em desfavor daquelas em que há posições dominantes.
A mudança de orientação relativa aos acordos climáticos de Paris é significativo sinal dessa nova e errática política, cujo fracasso interno P.Krugman já prenunciou.
No entanto, os principais dirigentes da União Europeia terão sentido que face a agora dois afastamentos estratégicos - a Brexit, e o relacionamento com os EUA - importa reforçar a coesão da UE.
E que para tal é necessário assegurar o modelo de Estado social como agregador e única alternativa às pulsões extremistas.
Sendo assim necessário crescimento económico, o que só é possível com o aumento do investimento.
Público, através do Banco Europeu de Investimento. Privado, nomeadamente através da União Bancária e da acção do Banco Central Europeu.
E com um reequilíbrio do modelo de contas públicas, cujos sinais se perfilam já no horizonte.
Tudo, desde que aos povos da União tal seja explicado com clareza suscitadora de uma verdadeira União.
Obrigado, Donald, "the catalyst".
4.Junho.2017.
