Comandante José António de Sousa e Silva.

Faleceu ontem um dos mais fieis - talvez o mais fiel - dos leitores destas minhas net-páginas: o meu Amigo de adolescência Comandante José António de Sousa e Silva.

Nunca faltava a enviar-me os seus comentários críticos aos meus "Pontos de vista" dominicais, que escalpelizava com a maior atenção, referindo-me de imediato a sua opinião.

Foi o então Tenente Sousa e Silva quem no Clube Militar Naval me incentivou a avançar - com outros oficiais - num projecto de contestação à lista, presidida pelo então Almirante Tenreiro, candidata às eleições naquele Clube, no início de 1968 - processo que viria a estar na génese de profundas acções de reflexão que levaram a uma maior consciencialização de muitos oficiais e cadetes da Marinha, como mais tarde se viria a constatar. Em Abril de 1974.

Foi em sua casa que outro Amigo comum, o também saudoso Carlos Eurico da Costa, me deu a conhecer o texto que já estava no prelo para ser publicado sob o título "Portugal e o futuro", do então General Spínola.

Apoiante incondicional dos projectos que com ele partilhava visando a revitalização da democracia centrados no poder local, distinguiu-se também como influente personalidade no meio setubalense, não só na acção cultural, como também social e desportiva.

Após alguns anos como Professor na Escola Naval, solicitou a passagem à Reserva, situação em que teve a oportunidade de ser administrador de diversas empresas, enquanto por outro lado prosseguia estudos na área da Antropologia, área que sempre o interessou desde que esteve em comissão de serviço em Angola, no início da década de 60.

Não resistiu a diversos problemas de saúde que o atormentaram no final da vida, e que o impediram de concretizar ambiciosos projectos com que sonhava.

Adeus, Zé. Fico com muitas saudades tuas.

LM

26.Julho.2017
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