"Ponto de vista" - D.Trump: uma oportunidade para a UE.
Trump: uma oportunidade para a UE.
O isolamento voluntário dos EUA que constitui um dos elementos fundamentais das posturas de D.Trump, reafirmadas diaria e matinalmente através do seu "Big Trwitter Book", constitui uma oportunidade para a UE recuperar a sua capacidade de afirmação perante a comunidade internacional.
E.Macron cedo viu o espaço que se abria, no qual já se movimentavam V.Putin e Xi Jinping, e perante a retracção alemã decorrente das últimas eleições, bem como do atordoado comportamento de T.May na sequência do brexitiano referendo, não hesitou e lançou-se num processo de iniciativas das quais a mais recente foi a visita à China e o subsequente aumento dos laços de cooperação da França com aquele país, já traduzido nos ambiciosos projectos infraestruturais das "Rotas da Seda - Norte, Sul, e Marítima, bem como em envolvimentos, por enquanto predominantemente financeiros, em quase todos os continentes.
Porém, E.Macron sabe que a a França não tem uma posição estrutural que lhe permita dialogar com a China numa base paritária, e que só uma União Europeia sólida poderá potenciar as oportunidades de intervenção da França num plano global, pelo que o actual quadro político que se desenha na Alemanha poderá constituir uma oportunidade para substituir A.Merkel no papel que a Chanceler tinha vindo a desempenhar como elemento tacitamente dirigente e orientador do Conselho Europeu - e agora mais fácil dada a retirada do Reino Unido.
Assim, parece provável que E.Macron desenvolva uma estratégia - cautelosa e diplomática - de afirmação de um papel de principal condutor da política global da União Europeia, invertendo-se a imagem que durante anos perdurou de uma A.Merkel assessorada por um Presidente francês, fosse ele N.Sarkozy ou F.Hollande, ensombrada pelas reservas sempre presentes de D.Cameron.
Paradoxalmente as posições e declarações "Trwitterianas", quase sempre em posturas isolacionistas, têm consequências no aumento da abertura de um espaço de afirmação internacional da União Europeia que, a não ser ocupado, deixará o campo livre à Federação Russa e à China para nele aumentarem a sua presença.
Mais ainda do que o concretizaram até agora, seja na Ucrânia, Síria e Líbia, seja em África e na América do Sul.
E Portugal ? Que fizeram ou farão os nossos "agentes infiltrados"? Por exemplo, D.Barroso, V.Constâncio, A.Guterres, e M.Centeno?
Que projectos de políticas globais dos presentes responsáveis ?
21.Janeiro.2018.