"Ponto de vista": O perigoso narcisismo de D.Trump.
O perigoso narcisismo de D.Trump.
Há cerca de um ano inseri nestas páginas uma fotografia em que se via um imperial D.Trump sentado a uma não menos majestática mesa atendendo um telefonema enquanto os seus colaboradores mais próximos esperavam pacientemente - o Vice-Presidente M.Pence e o Conselheiro de Segurança M.Flynn sentados, e em pé o Chefe de Gabinete R.Priebus, o Conselheiro-Estratega S.Bannon, e o Porta-voz S.Spicer.
O que se inferia daquele quadro era notório quanto à perspectiva centralizadora de D.Trump, pois uma reunião de trabalho produtiva não poderia nunca ocorrer naquelas condições e circunstâncias, facto que então assinalei, bem como o facto de D.Trump à época já fazer do Twitter o seu livro máximo de pensamentos profundos - o que me levou a apelidá-lo de D.Trwiter, e outros de "Twitter-in-Chief"....
E passados apenas alguns meses era aqui referido que D.Trump ia desconfiando dos colaboradores que ia sucessivamente nomeando, procedendo a destituições e nomeações num ciclo de que nunca se sabe o fim e que se traduzirá (como tem vindo a suceder) na continuação de políticas flutuantes ou inconsistentes, não adequadamente fundamentadas - tudo temperado por reacções temperamentais com toques "grotwitescos"
Destituições e nomeações que têm vindo a ocorrer a um ritmo impressionante, e que começaram logo com os colaboradores que figuravam na fotografia já referida, dos quais o único que continua - pudera não ... - é precisamente o Vice-Presidente.
E quando se escreve "colaboradores" tal inclui diversos Secretários de Estado ou Conselheiros, entre os quais os que são considerados mais relevantes como R.Tillerson (Negócios Estrangeiros) e - há poucos dias - H.R.McMaster (Segurança).
Acresce que tal tem acontecido sob um fundo de discordâncias e reservas face a decisões de D.Trump não suficientemente ponderadas e muitas vezes extrapolando o quadro de promessas eleitorais, por vezes caracterizadas por alta flutuabilidade e reduzida inserção num quadro político consistente.
Isto tudo, temperado por fixações obsessivas com promessas que, embora constantes da sua campanha eleitoral, são de oportunidade ou consistência discutíveis - casos do "muro" e do "obamacare"- bem como outros cujo impacto a nível mundial nos deve preocupar a todos, e de que os exemplos mais flagrantes são relativos a políticas climáticas e ao comércio internacional.
A inconsistência das políticas e procedimentos, bem como a decorrente rotação de cargos, e uma transmissão do "pensamento" por toscas mensagens, fazem-nos crer que D.Trump, ou de outro modo, D.Trwitter, narcisicamente preocupado acima de tudo com a sua imagem, não está à altura do requerido a um Presidente dos EUA.
25.Março.2018