"Ponto de vista": Menções honrosas a militares da GNR de Loulé.


     Menções honrosas a militares da GNR de Loulé.

O jornal "Expresso" de 5 de outubro (ante-ontem) dá a conhecer uma proposta do então Diretor-Geral da Polícia Judiciária Militar (PJM), Coronel Luís Vieira, apresentada em Fevereiro do corrente ano ao Ministro da Defesa Nacional, e da qual transcreve que "foi possível, numa conjugação de esforços com o Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé, com os militares sargento-ajudante Caetano Domingos Lima Santos, Guarda Bruno Filipe Flores Ataíde e Guarda José Manuel Batista Gonçalves, alcançar resultados que contribuíram decisivamente para a realização da Justiça".

O "Expresso" refere a seguir que o então Director da PJM sublinhava nessa proposta que a "ação destes militares foi muito além do usual dever que a função lhes impõe , e só elevado profissionalismo empenho e forte sentido de serviço público explicam a sua ação, que ora se leva ao conhecimento de sua excelência o ministro da Defesa Nacional. Os resultados obtidos para a realização da Justiça, alicerçados na atuação resultados daqueles militares justificam um público reconhecimento que se encontra acima das competências deste  diretor-geral".

Prossegue o "Expresso": "Oito dias depois, a 28 de fevereiro, o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, escrevia pelo seu punho: "Visto com agrado. Enviar para conhecimento do senhor ministro da Administração Interna, nem que seja pela circunstância, tão rara nos dias que correm, do reconhecimento sincero do mérito de outrem".
E a 3 de março seria a vez de o ministro cabrita assinar por baixo, com a seguinte nota: 1- Concordo plenamente com o despacho do senhor ministro da Defesa Nacional. 2 - Promova-se com o Sr. Comandante da GNR, para que seja dado conhecimento militares cuja ação é reconhecida."

O "Expresso" não revela que actuação dos citados militares teria levado a resultados tão relevantes para a realização da Justiça que merecessem tão importante menção honrosa do Ministro da Defesa (dado que não terá sido a recuperação do material furtado em Tancos, uma vez que o Ministro negou "categoricamente" ter sabido de tal operação), tal acrescido do facto de a menção em causa ter sido  corroborada pelo Ministro da Administração Interna, a que só terá faltado - dada a sua aparente importância - o reconhecimento do próprio Conselho de Ministros.

Aguarda-se assim que logo que o segredo de Estado seja levantado venhamos a conhecer os contornos dos resultados que contribuíram decisivamente para a realização da Justiça em circunstâncias em que o sigilo imperou.

Resta acrescentar que, certamente por coincidência, os militares acima referidos foram indiciados pelo Ministério Público como suspeitos de terem participado numa acção ilegal caracterizável como crime, relacionada com o reaparecimento de armamento militar furtado de Tancos.

7.Outubro.2018