EUA: maus sinais para a democracia representativa.
Donald Trump tem vindo a dar insistentes sinais de não olhar a meios para conseguir os seus fins - que consistem na manutenção do Poder, no seu aumento, e na respectiva continuação.
Para tal, tem procurado criar na opinião pública a imagem de a maior parte dos órgãos de informação pública (que em Portugal são desde 1974 habitualmente designados por "comunicação social") ser corrupta e geradora de notícias falsas ou manipulatórias, que entre outros fins visariam minar a sua reputação e diminuir a sua capacidade de conseguir a reeleição.
Nos aliados de tais órgãos contar-se-iam também os membros do partido democrata - ou uma parte significativa, bem como funcionários da Administração Pública que discordam de decisões presidenciais, e até o seu antecessor, que foi objecto há dias da acusação (por D.Trump) de ter sido um traidor ...
O recente assunto do uso ilegal de recursos do Estado para pressionar o presidente da Ucrânia para que este obtivesse provas incriminatórias do seu provável principal opositor nas eleições de 20 ano é também prova bastante do carácter - este sim, bem corrupto - e que lhe pode custar uma destituição.
Todo este ramalhete é coroado pela criação de imaginários inimigos "comerciais" internos e externos, desde os imigrantes (e os elementos da Admininistração que não têm aderido entusiasticamente à criação do famoso "Muro") a diversos países, nestes incluindo a própria União Europeia.
O sistema político vigente nos EUA, baseado em partidos cujos candidatos presidenciais são escolhidos por métodos em que as subvenções financeiras são determinantes para o êxito das mediáticas campanhas nomeadamente na TV e na Net, é bem uma amostra da fragilidade da Democracia naquele país.
Agora sob a ameaça de rumores - imagine-se - de guerra civil, constatados por recentes sondagens.
E com um presidente cujo comportamento demonstra tendências pré-ditatoriais como as que no início do presente texto foram descritas, e que recordam tempos infelizmente não muito distantes.
O advento da Televisão, favorecendo a aparição de demagogos - não só nos EUA - e da Net no que respeita à velocidade e intensidade de propagacão de noticias falsas ou manipulatórias - veja-se o referendo sobre a Brexit - são razões mais que suficientes para uma profunda revisão dos sistemas eleitorais.
Num sentido de "regresso" às origens: o Poder Local como a base da Democracia e da saúde dos partidos politicos.
27.Outubro.2019