Como chegámos aqui ?


         Como chegámos aqui ?


Após as convulsões que se deram a seguir ao golpe de estado de 1974, após a entrada em vigor em 1982 de um regime de plena democracia, e - já equilibradas as contas públicas - a adesão às Comunidades Europeias, sempre pensei que Portugal tinha chegado a um sistema político que lhe permitiria encontrar novos caminhos susceptíveis de assegurar um melhor posicionamento no Mundo e um aumento do bem-estar para os portugueses.

Porém a situação que já existe, e que se irá agravar progressivamente, relativamente à dívida pública, faz antever um caminho de enormes dificuldades que leva a uma inevitável interrogação: como chegámos aqui ?

Sim, como chegámos aqui após anos e anos de apoio das instituições da agora União Europeia, que aliás muito contribuiram para que o nível de vida melhorasse, mas sem que esse apoio tivesse sido utilizado de modo mais sustentado evitando assim a degradação do sistema financeiro a médio e longo prazo ?

Como chegámos a um ponto em que a generalidade dos economistas refere como sendo inevitável o pagamento do desequilíbrio das contas públicas através de aumentos de impostos, quer ocorram já, quer dentro de alguns meses ou anos, ou através de reduções substanciais nos apoios de natureza social, sejam eles na saúde, nas pensões de reforma ou em subsídios de desemprego e de inserção social ?

Certo que uma parte da presente crise é reflexo do que ocorreu e ocorre nos mercados financeiros internacionais e dos seus efeitos na economia mundial, mas as questões de natureza estrutural ultrapassam largamente os decorrentes de tal reflexo.

Como chegámos aqui, apesar da existência de tantas personalidades relevantes quer no domínio económico, quer no financeiro, na área empresarial, do pensamento nas áreas da justiça e da educação - para só citar algumas das mais importantes ?

Tal como numa equipa de futebol em que as "estrelas" não jogam em conjunto, o problema parece residir em questões de método, seja no tempo de duração dos governos, na obrigatoriedade de maiorias para os formar, no papel de regulação e intervenção do Presidente da República, e - no que poderá ser mais importante - na mudança da organização do poder político no sentido de levar a uma maior participação dos cidadãos na vida política.

Como partiremos daqui ?
06.Dezembro.2009 

(Repare-se na data em que o texto foi publicado - nestas páginas)...


Pouco houve que tenha mudado, nestes quase 12 anos...

     Que caminhos a recomendar agora ?

Para já, uma profunda reconversão do sistema de organização política e eleitoral, baseada na preponderância do Poder Local de base, pois é a esse nível que melhor se conhecem os nossos representantes mais directos.

Parece pouco, mas não o é.

23.Maio.2021
(Data em que se comemora mais um aniversário do reconhecimento de Portugal como Estado independente - Bula "Manifestus Probatum")


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Último "Ponto de vista": 

Um muito esquecido 9 de Maio (Dia da Europa)...

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