Recordando 80 (ou mais) comportamentos e atitudes...

Recordando 80 (ou mais) comportamentos e atitudes... No passado dia 9 de Novembro um numeroso grupo de Oficiais de Marinha reuniu-se na Sociedade Histórica da Independência de Portugal para assistir á apresentação, pelo Almirante Engenheiro Construtor Naval António Balcão Reis, de um opúsculo correspondente a um artigo que tinha - aliás muito legitimamente - publicado na mais recente edição dos Anais do Clube Militar Naval, em que descreveu um conjunto de acções nas quais o citado grupo (que viria a ser conhecido como "Grupo dos 80") - conjuntamente com mais algumas largas de dezenas de Camaradas - teria influenciado alguns Chefes do Estado-Maior da Armada quanto à orientação das carreiras de, também, largas dezenas de camaradas, referindo que tais chefes tinham sido indigitados para os seus cargos - pasme-se! - graças a opiniões do referido grupo. Revelação em nada abonatória para a Marinha, em especial por ocorrer num período em que perfis de "influencer" são objecto de intensa crítica social e inclusivamente de processos crime. Convidado em 20 do passado mês de Outubro para assistir à apresentação, tentei lealmente e de imediato - mas sem êxito - frontalmente convencer o seu promotor a anular a respectiva concretização, por considerar que esta iniciativa - muito mais do que o artigo publicado nos Anais - iria reabrir feridas emocionais entre Camaradas, muitos dos quais, provavelmente, desconheceriam que tivesse havido quem teria contribuído para distorções das suas carreiras e, até, nalguns casos, para o termo das mesmas. Cabe agora referir que nos registos oficiais sobre a minha carreira existem elementos comprovativos de também ter sido alvo de acções notoriamente discriminatórias, a menos que possam ser avaliados como actos reprováveis e susceptíveis de avaliação negativa, dado o perfil a eles subjacente - por exemplo os seguintes: - a responsabilidade pela ocupação, em Abril de 1974, da sede da DGS/PIDE e da Prisão de Caxias; - a colaboração no abortar da tentativa de golpe de estado militar do Gen. A. Spínola, que esquecia - pouco depois da conclusão do recenseamento eleitoral - que a enorme adesão dos portugueses a tal acto demonstrara a sua opção pela Democracia; - e a organização das primeiras 5 eleições constitucionais. Avaliação essa da qual, até, mentes maldosas poderiam pensar que as aquelas chefias da Marinha teriam saudade dos tempos em que havia polícia política e eleições pouco credíveis... Apesar do que referi, e do facto de ter sido concretizado o citado Encontro de 9 de Novembro, com a visibilidade e impacto respectivos, mantenho, porém, a intenção - haja ou não adequadas retractações - de não alterar os meus padrões de cordial relacionamento social com Camaradas d'armas porventura pertencentes ao citado grupo, pois admito (e lamento) que não tivessem a adequada visão abrangente e independente que deveria ser apanágio de qualquer Oficial. Admitindo entretanto que possa haver Camaradas que, tendo porventura pertencido ao citado grupo, consequentemente se sintam pouco à vontade para me saudarem. Olhos nos olhos. Tal como quanto a outros Camaradas d'armas certamente em condições análogas. Luís Costa Correia. Capitão-de-mar-e- guerra (R) 4.Jan.2024............................................