Sobre a nobre personalidade de um prestigiado General.

 Sobre a nobre personalidade de um prestigiado General.

Recebi há alguns dias uma cópia de uma carta que um respeitado General do nosso Exército tinha em meados de Abril enviado ao Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, sugerindo-lhe que fossem convidados dois determinados Oficiais para assistirem à mais importante cerimónia militar prevista para ocorrer no quadro das Comemorações da data de 25 de Abril de 1974 - Oficiais esses que para tal não tinham recebido convite, embora - referia - fosse notoriamente reconhecido que tal distinção lhes deveria ter sido outorgada, o que não teria ocorrido apenas porque não tinham aceitado receber a Ordem da Liberdade.

 E foi graças a tal carta que os citados oficiais viriam a ser convidados; tal missiva está anexa ao presente texto, podendo assim ser apreciada a sua elevação e os termos que dela constam, que muito dignificam quem os escreveu:

 - uma personalidade digna e vertical, dentro dos melhores padrões de pundonor do nosso respeitado Exército.

O que se confirma pela leitura de outros três documentos, também apensos, em que se podem constatar os citados traços do carácter do General Manuel Soares Monge, sempre fiel às suas profundas convicções, em que a lealdade e a firmeza, aliadas ao desejo de justiça e ao respeito pela pessoa humana, são apanágio de alguém que lutou desde os primeiros momentos conspirativos por que o nosso País viesse a encontrar - apesar de grandes vicissitudes - o caminho para a plena Democracia, na qual e para além de diversos Cargos de alto relevo viria a desempenhar precisamente o de Governador Civil, outorgado pelo Poder Civil - em cuja implantação se tinha profundamente empenhado, e tendo por tal chegado a ser preso.

Um dos documentos - em memória do Coronel Casanova Ferreira - mostra o valor em que tem a Amizade e a Camaradagem, qualidades de que enforma o espírito militar e sem as quais as Forças Armadas não podem subsistir nem cumprir adequadamente as suas missões, das quais ressalta o cumprimento das directivas do legítimo Poder Democrático. Um belíssimo e comovente texto, em que o relacionamento pessoal assume um papel determinante que não deixa ninguém indiferente.

Noutro, reconhece o fundamental desempenho do então Major Otelo Saraiva de Carvalho na organização e condução da Sublevação militar que, após diversas situações complexas, viria a implantar o Estado de pleno Direito Democrático na sequência das Eleições Constituintes de 1975 e Constitucionais de 1976. 

Sublevação que sob o seu comando levou a que a respectiva Ordem de Operações derrubasse o Governo em poucas horas. 

E estas recordações, sob um estilo divertido, em que se reconhece a existência  de "malvadezas" otelianas, à porta de um imaginário acesso ao Paraíso.

 Mostrando o General Monge que não esquece os Amigos e Camaradas d'armas, e que sabe valorizar os aspectos positivos face aos negativos das suas acções. 

O Anexo final é uma algo inesperada surpresa (publicada há alguns anos) em que o General Manuel Soares Monge descreve as suas vivências africanas em tempo de guerra, cruzando diversos tipos de emoções, para depois caracterizar um ponto de viragem - dada a falta de liberdade de imprensa - com a escolha pelos seus Camaradas d'armas para a Coordenação das primeiras acções militares visando a substituição do Governo, e terminando com um fabuloso parágrafo digno de um prémio literário.

    "Concorda, Sr.João de Sá?"

        "Que pensa, Capitão Campante? "

            Junho de 2024.

a) Manuel Soares Monge 

                

E eis as cópias dos documentos citados:








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Luís Costa Correia - 14.Julho.2024

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