Homenagem a Manuel Lema Santos

 ...... 14.Novembro.2025

Homenagem a Manuel Lema Santos

Com muita tristeza pelo falecimento do Eng.º Manuel Lema Santos, Oficial da Reserva Naval, apenso cópia de um seu recente texto autobiográfico que demonstra bem o quanto a Marinha lhe deve - certamente, e pelo menos, uma adequada condecoração - dada a expressiva dedicação que manteve na difusão da actividade da Marinha.

(E a propósito, voltou a surgir no meu pensamento da ideia de se agregar ao Arquivo Histórico da Marinha um Departamento de História, com meios que permitam melhorar o exercício das múltiplas missões que estão atribuídas ao Arquivo no sentido de preservar a memória institucional da Marinha Portuguesa, documentando as suas múltiplas atividades, missões e a sua evolução ao longo dos séculos.

Incluindo contribuições quer de Historiadores, quer de outrem, que não constem do acervo da Biblioteca Central de Marinha, e recorrendo às novas tecnologias de obtenção de informação.

Nelas, o conjunto dos documentos publicados em formato electrónico por  Manuel Lema Santos teria certamente lugar de destaque - tal como os de outros prestigiados Autores.

Responsabilidades do Arquivo Histórico para o qual os recursos de que dispõe são manifestamente insuficientes, apesar da impressionante dedicação do pessoal atribuído - nomeadamente da sua Directora.).

Ao mesmo tempo, aproveito a presente oportunidade para sugerir à Oficialidade que se encontra na Reforma ou na Reserva, que aproveite a actual existente possibilidade de ser admitido como "associado especial" da AORN.

E porquê?

Portugal encerrou em  1975 o ciclo  de expansão marítima que iniciou há precisamente 550 anos - mas agora tem que considerar seriamente o aproveitamento do Oceano que está sob sua jurisdição.

Tal requer o uso de forças navais, e todos sabemos que - venha ou não a haver confrontos militares  no imediato - a necessidade de se ter que recorrer a uma Reserva Naval mantém-se.

Mas dentro de alguns anos - não muitos - já não existirão Oficiais de Reserva Naval, pois os últimos cursos de Formação terminaram há largos anos.

Assim, a Associação de Oficiais da Reserva Naval poderia entretanto transformar-se gradualmente numa Associação de Oficiais das Reservas da Marinha (ou "da Armada"), agregando não só os actuais associados como também os Oficiais dos Quadros Permanentes que, já nas situações de Reserva e de Reforma, solicitassem a sua admissão à  actual AORN, a qual, em tempo oportuno passaria a ser designada por AORM (ou "AORA").

Que teria o seu espaço próprio - Naval - coabitando perfeitamente com outras Associações com finalidades bem diferentes.

Apelaria assim à AORN e ao seu actual e dinâmico Presidente para que - se assim for entendido - difundam adequadamente sugestões nestes sentidos, e acentuando os Objectivos por que se pautam as suas presentes actividades.

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E, tal como prometido, apenso o citado texto autobiográfico de Manuel lema Santos , cujo valor histórico é inegável:

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3/08/2025, 11:06

Meus Caros Camaradas, Amigos e Familiares,

Compete-me solicitar uma especial atenção de Camaradas, Amigos e Familiares para alguns pontos do meu/nosso percurso de vida que podem ajudar a esclarecer um rumo trilhado, (...) enquanto sócio colaborador ou membro da Direcção da Associação dos Oficiais da Reserva Naval entre 1997 e 2004 e, na continuação, apenas como colaborador pontual até Setembro de 2015, a pedidos de continuação da Direcção.

Ao tempo, criei um blogue Reserva Naval, estrictamente privado onde fui divulgando aleatoriamente textos de inspiração pessoal, imagens e filmes procurando que representassem um nicho de “Memórias Reserva Naval – Marinha” sem quaisquer pretensões além de simples divulgação histórica.  Assim publiquei: Cancioneiro do Niassa, Parte I - Edição de Metangula, 1968/69, em 28 de Agosto de 2009, agora republicado no YouTube em:   https://youtu.be/fnopaj4rB94 “Cancioneiro do Niassa, Parte II - Edição de Metangula, 1968/69, em 1 de Setembro de 2009.

Houve um primeiro motivo essencialmente familiar e emocionalmente pesado que passo a resumir: 
O meu falecido sogro, Coronel de Infantaria da Academia Militar, efectuou duas comissões de serviço em Moçambique, a primeira em Boane - Matola, Lourenço Marques e a segunda, no Batalhão de Caçadores de Nampula n.º 15. Naquela nossa antiga possessão além-mar, conheceu a minha sogra num baile de alunas finalistas do Colégio D. António Barroso e com quem foi casado ao longo de 51 anos.

Entre estas duas comissões ainda desempenhou nova comissão de serviço em Gôa, no Estado Português da Índia, onde lhe foi confiscada a espada e feito prisioneiro em Pondá, entre Dezembro de 1961 e Maio de 1962. Privações diversas e ameaças graves, incluindo fuzilamento, com os consequentes traumas psicológicos que daí advieram. Voltou a ser nomeado para nova comissão de serviço em Angola, como comandante da CCaç 1639 do BCaç 1901 em Catete onde, pouco tempo depois, numa emboscada foi ferido em combate e evacuado. Já durante o ano de 1970 e como Oficial Superior nova nomeação para "comissão militar de serviço por imposição no Ultramar" para a Guiné, enquadrado no Comando do Agrupamento 2970 - futuro CAOP 2. Doente, física e psicologicamente, acabou por ser evacuado para o HMP onde foi emitido o "parecer que a doença sofrida por aquele militar e que motivou a sua evacuação para o HMP deveria ser considerada adquirida em campanha".  Manteve-se em diligência no MDN - EME até 1982. 

A nível pessoal, a filha mais velha e mãe dos meus filhos, minha mulher há quase 42 anos, teve o pai ausente mais de 12 anos, durante os quais ainda passou dois anos da infância em casa dos avós maternos na cidade de Nampula - Moçambique, onde tinham uma casa comercial. Frequentou o Instituto de Odivelas durante 7 anos, tendo posteriormente obtido a  licenciatura em Economia na UCL. Integrou como vogal efectiva uma Direcção da AAAIO de 2017 a 2021, sendo responsável pelo grafismo da Revista LAÇOS de 2014 a 2021. Além dos filhos, partilhámos, durante 35 anos, a nossa actividade profissional na indústria gráfica, iniciada em 1987 como sociedade, a partir da arrecadação da residência… 


Um segundo motivo, terá sido a minha alongada passagem pela Marinha-Reserva Naval - 8.º CEORN, 1965, oriundo do IST, associado ao desafio pessoal que, ao tempo, me foi feito em 1997 por um camarada de curso, Manuel Tôrres (falecido), também do mesmo 8.º CEORN e ainda companheiro Pedro Nunes, Campo de Ourique e porque não (?), também Guiné, onde comandou a LFP "Bellatrix" simultaneamente comigo na "LFG "Orion" (oficial imediato) e mais uma larga meia dúzia de oficiais do mesmo curso noutras Unidades Navais ou nos Serviços em terra do CDMGuiné. 

Aceitei o repto fazendo-me sócio, passando a colaborar com a Direcção da Associação no que, em tempos livres, entendia poder participar.

Foi um tempo de alargado e positivo conhecimento de outras personalidades e camaradas, mas também de enriquecimento cultural, onde não tenciono distinguir "quando, como, quem e porquê" no sentido de crítica pessoal, ao deixar a Associação em Setembro de 2015, unicamente por minha iniciativa.

Aproveitando a minha experiência de meio século ao serviço da indústria gráfica (Direcção de Produção Gráfica na Livraria Bertrand, SARL, Thomson Avery, Litografia Amorim e Copinaque) ao longo de 14 anos e uma paixão adicional por fotografia, colaborei em várias empreitadas com a Direcção da Associação.

Assim, com o aval da mesma, construí de livre iniciativa a página oficial Internet da Associação, a coordenação e produção gráfica da Revista da AORN até ao número 20 (julgo que o último publicado) e ainda me empenhei, a título meramente pessoal, numa vasta panóplia de tarefas que envolveram pesquisa, compilação de arquivos e recolha de documentação que me permitiram, ao longo do tempo, ir publicando retalhos do que considerei sempre "Memórias Reserva Naval", com o apoio e consentimento da Comissão Cultural de Marinha, Arquivo de Marinha, Revista da Armada, Museu de Marinha, Biblioteca de Marinha e Associação de Fuzileiros. 

Contei ainda com a cedência de vários arquivos pessoais de Camaradas quer dos Quadros Permanentes quer da Reserva Naval, e também do Exército e FAP, que me confiaram colectâneas de imagens ou slides pessoais de Angola, Moçambique, Guiné e mesmo Cabo Verde, S. Tomé e até Timor, onde estiveram 2 oficiais da Reserva Naval. Digitalizei e cedi CDs gravados para futura utilização pessoal. Foi-me sempre facultada uma cópia para quando entendesse publicar artigos. Durante uma dezena de anos foi-me ainda confiada a responsabilidade gráfica da revista "O Desembarque" da Associação de Fuzileiros desde o n.º 13 de Jul2012 ao n.º 38 de Mar2021.


Aqui reitero a todos, Instituições, Camaradas e Amigos, o meu agradecimento expresso. 

Grato ainda pela atenção que entenderem dispensar a este alongado texto.

Abraço,
MLS"

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Luís Costa Correia.

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