Ordem da Liberdade - uma condecoração recusada.
No início de 2006 (estávamos a poucas semanas do final do segundo mandato presidencial do Dr.Jorge Sampaio) fui surpreendido por um telefonema do Coronel Vítor Alves (distintíssimo Oficial, infelizmente entretanto falecido) em que me transmitiu o desejo do Presidente da República de que eu fosse condecorado com a Ordem da Liberdade.
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Respondi-lhe agradecendo - muito sensibilizadamente - o honroso telefonema, mas recusando referindo
"bastou-me ter participado na Ordem para a Liberdade".
"bastou-me ter participado na Ordem para a Liberdade".
No dia seguinte recebi um novo telefonema de outra alta entidade militar insistindo pela minha aceitação, tendo reiterado o teor da resposta já dada.
25.Agosto.2018
--------Aditamento (29. Dezembro.2022).
Tendo-me sido sugerido que examinasse a hipótese de prestar mais alguns esclarecimentos sobre a razão da recusa, devo referir que tive e tenho uma enorme alegria em sentir que os portugueses prezam muito a vida em liberdade, satisfação essa acrescida pelo facto de para tal ter contribuído, e que nenhuma condecoração pode igualar, sequer completar.
Além do que refiro, aproveito esta oportunidade para afirmar que não aprecio hipocrisias, pois o Estado que me desejou condecorar é o mesmo que disfarçadamente recorreu a poderes discricionários de natureza administrativa - e política - para interromper o curso normal da minha carreira na Marinha, conforme se pode confirmar nos respectivos arquivos oficiais
.Perspectiva esta que em nada influenciou o que oortunamente afirmei:: "bastou-me ter participado na Ordem para a Liberdade".
--------- Novo Aditamento (31.Dezembro. 2022)
Tendo de imediato reiterado ao meu distinto Camarada e Amigo que a interrupção da minha carreira nada tinha a ver com a recusa da condecoração, pois tinha-me bastado - como referi - ter sentido uma enorme alegria em ver que as portuguesas e os portugueses prezam muito a vida em liberdade e em democracia - para o que eu tinha procurado ajudar - respondeu-me de novo dizendo que eu deveria reflectir, apesar de ser teimoso.
E eis que hoje mesmo recebo a seguinte mensagem de Custódia Casanova, Presidente de uma pequena Junta de Freguesia do interior do país (Pavia):
"Não gostaria que terminasse o ano sem lhe desejar que o próximo seja um melhor Ano!
Que continue a ser interventivo na construção de um mundo melhor, como sempre tem feito! Não desista!
Prometo-lhe eu também que não desistirei nunca, de estar sempre atenta e activa, na busca dos valores da Democracia que para sempre lhe agradecerei terem-nos dado - o meu querido amigo e os outros militares que fizeram o 25 de Abril de 1974! "
Fiquei comovido.
Espero que o meu estimado Camarada também o fique, pois sei que é sensível - embora também um pouco teimoso...
E irei guardar comigo uma cópia de tão enriquecedora mensagem. que para mim também tem o valor acrescido de provir de uma prestigiada representante do Poder Local de base, que deve ser o principal esteio da Democracia.
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