Resposta a convite para estar presente numa celebração das acçõ de um "Grupo dos 80"

.......31.Out.2023.

Resposta a convite para estar presente numa celebração das acções de um "Grupo dos 80":

A quem manifestou interesse em me convidar para estar presente no lançamento, em 9 de Novembro de 2023, de um livro sobre o "Grupo dos 80":

Dado o que li em impactante artigo do Almirante António Balcão Reis, sobre aquele Grupo, publicado na recente edição dos "Anais" do Clube Militar Naval, devo começar por salientar que, pese embora a existência de laivos de ironia, os episódios a seguir descritos são baseados em factos comprovados e irrefutáveis os quais, correspondendo a situações que vivi, permitem equacionar uma significativa  probabilidade de existência de analogias.

 A vossa muito provável influência, decorrente do que se infere do citado artigo, na minha colocação no CEFA (Centro de Educação Física da Armada), após o meu  regresso à Marinha no início de 1977, cumprida que fora a missão de dirigir a organização das 5 primeiras eleições constitucionais e de ter entendido ser meu dever voltar ao serviço activo dentro do quadro da transferência da maior parte do poder político para as Instituições eleitas, terá talvez constituído uma decisão com alguma lógica,   decorrente de eu ser especializado em Educação  Física e já ter na Escola de Fuzileiros em 1967 exercido funções na área em causa, embora pudesse ser, também, interpretada como um reconhecimento do, quiçá, reduzido valor que os actos eleitorais já mereciam por parte de quem dirigia a Marinha de então.  

Fiquei-vos muito reconhecido, pois os seguintes quase 10 anos em que permaneci ligado à Educação Física ( acrescidos do citado tempo anterior do seu exercício) permitiram melhorar a minha saúde e bem-estar físico e terão, talvez, contribuído para que a Marinha pudesse, porventura, ajudar a passar a colocar a Educação Física - porque não ?- no primeiro ou num dos seus principais objectivos.

À nítida preocupação que por vós foi então manifestada com o meu estado físico, acresceu o facto de não me ter sido permitida a requerida - e legal - colocação em situação que me viesse a proporcionar eventuais condições de promoção pois, certamente, o zelo em evitar que estivesse embarcado, com todos os perigos que daí adviriam, mormente o alteroso mar bem como o temor de que pudesse encalhar qualquer navio sob minha responsabilidade.

É certo que, no seu constante desvelo, um Chefe do Estado-Maior da Armada, certamente por vossa sugestão, outorgou-me a passagem para uma área mais "intelectual" da Educação Física - na Direcção de Instrução e Treino - decisão que tomou em menos de 8 misteriosas horas (assinalável urgência...) - a fazer inveja, por  antecipação, ao  novel "Simplex".

Simplesmente deliciosas a " fundamentação" e a invulgar,  por não explicada, celeridade dos 5 - esses sim - "despachados" despachos - os quais mantenho em meu poder e que, por certo, constarão dos vossos arquivos.

O mesmo Chefe do Estado-Maior da Armada o qual, já tendo olvidado - por certo em perfeita sintonia convosco - a minha isenta intervenção que impediu o seu afastamento da Marinha após o 11 de Março de 1975, em candente episódio acontecido no Instituto Hidrográfico que, oportunamente, trarei a conhecimento público.

 As vossas pressões terão contribuído, certamente - perante aqueles que as aceitaram -, para que não fosse designado para a frequência  do Curso Superior Naval de Guerra, sob a simplista justificação de não estar credenciado com o nível NATO Secreto mas, apenas, com o nível NATO Confidencial...

Episódio possivelmente concebido por um (ou vários) de vós e que terá contribuído para que  não tenha sido promovido e, com tal, tenha sido poupado - o que mais uma vez vos agradeço - ao convívio de "carreira" com aqueles (apesar de tudo, talvez não muitos) que, com procedimentos deste tipo dominaram e fracturaram a Marinha, contribuindo, assim, para uma postura de subserviência que a colocou num plano descendente, ressalvadas ocasionais excepções.

Exemplos aqui descritos e factos, notoriamente, análogos a muitos outros, que vós seguramente conheceis.

A hipocrisia nunca foi o meu forte, razão pela qual não irei aceitar o vosso convite, embora tencione, com a maior  trannsparência, publicar o presente texto  nas minhas telepáginas. 

Luís  Costa Correia.  31.Outubro.2023